quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Campeões de audiência


* Publicado em coletiva.net em 23.09.19

Acho que já estou ficando chato na minha cruzada contra os vícios de linguagem dos repórteres de rádio e tv e mesmo de alguns âncoras. Não tenho culpa se a audição é o meu sentido mais apurado e a repetição de  alguns tiques incomodem este velho e cada vez mais rabugento jornalista. Outro dia postei nas redes sociais que o que mais tem aparecido, no momento, entre a garotada da reportagem é o tal de “aí”, muleta usada  às pencas, sobretudo, nas entradas ao vivo.  O Alex Gusmão, experiente repórter televisivo da Band em Brasília comparou o “aí” uma espécie de virgula no texto. Uma repetitiva vírgula mal colocada, acrescento eu.

Nos comentários da postagem, a maioria de jornalistas veteranos, surgiram críticas a outro campeão de audiência, o “né”, também excessivo até mesmo entre afamadas ancoragens. A Ligia Tricot, jornalista de TV de reconhecida experiência, lembra ainda o “qual  que  é”, que já mereceu até uma coluna deste que vos fala, intitulada “Um quê a mais” - https://coletiva.net/colunas/um-que-a-mais,306067.jhtml. Registo mais os modismos do “por conta de” e do onipresente “desconforto muscular” da meninada do esporte, sem contar o “a gente”, o “bacana” e um novíssimo e acariocado “cê” substituindo o você.

Já confessei em outra crônica que também tenho um cacoete, do qual não consigo me livrar, um “tá” que parece querer validar o que acabou de ser dito, mas como não sou comunicador de vídeo ou microfone, estou perdoado, tá.  Também é  verdade que vivo me policiando, tá.

Será que a os jovens e promissores repórteres que acompanho tem feito esse exercício de humildade para limpar dos seus improvisos os “aís” e os “nés”?  A empreitada cabe  também aos editores do material dessa turma. Atentos e exigentes, eles, os editores, vão contribuir para que meus já sexagenários ouvidos sejam menos incomodados. Antecipo agradecimentos.

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