sexta-feira, 12 de junho de 2015

O dia que está faltando


* Reeditado a partir de uma postagem de 06/08/2010

Confesso que não tenho muito saco para essas datas comemorativas, tipo Dia das Mães, dos Pais e Dia da Criança. A partir do momento em que se tornaram mais um evento comercial do que um tributo aos homenageados, tais comemorações perderam sua dimensão afetiva. Suspeito mesmo que haja muita falsidade nas manifestações nessas datas, E nada contra o comércio, que precisa fazer a roda da economia girar, mas não abro mão de decidir se participo ou não da festa e com quê entusiasmo será minha adesão. 

Até porque novas datas comemorativas estão surgindo, todas com grande apelo emocional e sendo estimuladas pelo setor produtivo. O Dia dos Namorados já está consolidado, fazendo a alegria das floriculturas, dos restaurantes e dos motéis. O Dia da Mulher vai na mesma direção e já há quem advogue a criação do Dia do Homem, uma vez que outras opções já estão contempladas no Dia do Orgulho Gay.

Há um forte movimento para implantar o Dia do Amigo que, por enquanto, se resume ao envio de mensagens piegas via redes sociais entre aqueles que se julgam amigos do peito. Está pintando com força o Dia dos Avós e a meritória homenagem está se transformando em obrigação de comprar presentes para os vovozinhos. Menos mal que posso ser beneficiário dessa obrigação, com a Maria Clara, a Rafaela e os futuros netos. Já inventaram também o Dia do Beijo, comemorado a 13 de abril sem que se saiba de qualquer relação entre a data e o motivo da celebração.

É preciso tomar cuidado com os exageros. Conheço o caso de marmanjos que até hoje recebem presentes pelo Dia da Criança. Observo também um esforço, inclusive de escolas, para introduzir entre nós o Halloween, o Dia das Bruxas, uma tradição anglo-saxônica que nada tem a ver com a nossa cultura. Só vou aderir se puder mandar um buquê de espinhos para algumas bruxas que me atormentam no dia a dia.

E tem ainda essa forçação de barra para instituir o Dia da Sogra. Com todo o respeito à categoria, que nos legou nossas amadas parceiras, a figura da sogra ainda é estigmatizada e temo que, ao invés de homenagens, as respeitáveis senhoras sejam objeto de agravos de parte de genros e noras ingratos. Isso sem contar que podem surgir ideias como a criação do Dia dos Ex que pode englobar um naipe diversificado de figuras: ex-marido, ex-mulher, ex-sogra, ex-patrão, ex-amigo. Aliás, ex é o que mais tem e até por isso mereceria a homenagem. Sem presentes, é claro.


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