domingo, 28 de julho de 2013

Hemingway&Martha


Diferente do meu bom amigo Poti Campos, gostei muito do filme Hemingway&Martha, com Clive Owen no papel do escritor e a bela Nicole Kidman como sua parceira.  Consumidor voraz de DVDs sou atento à cena cinematográfica e não lembrava do lançamento no circuito dos cinemas do filme dirigido por  Philip Kaufman até descobrir que é um telefilme produzido pela HBO, o que o valoriza ainda mais, pois se trata de uma produção bem cuidada para os padrões televisivos.

O interessante do filme é que resgata a figura de Martha Gellhorn. É sob o ponto de vista dela que a história é contada. Gellhorn e Hemingway se conhecem em um bar. Ambos partem para a Espanha em guerra civil por motivos diferentes. Ele acompanha uma equipe de gravação de um filme em favor dos republicanos (The Spanish Earth) e ela como correspondente iniciante da revista Collier’s. Ali iniciam um romance que continua ao retornarem aos Estados Unidos. Casam-se após Hemingway obter o divórcio de Pauline Pfeiffer, sua segunda esposa. Ela prossegue sua carreira cobrindo a Guerra Russo-Finlandesa e a Segunda Guerra Sino-Japonesa.   Ambos vão a Europa em guerra e lá Hemingway conhece a também jornalista Mary Welsh, que se tornaria sua quarta esposa.

O filme revela um Hemingway ainda mais beberrão, necessitado sempre mais de exercer sua masculinidade (as cenas eróticas  merecem um “uau”; e que belo e bem torneado calipigio tem dona Nicole!), ao mesmo tempo em que se afirma católico por conveniência - influência de Pauline.  Gellhorn aparece como o lado mais forte do casal, sempre em busca de uma guerra para cobrir e aí se estabelece a competição entre os dois, que  leva ao rompimento. Profissionalmente eles vão ao encontro dos conflitos e o conflito acaba se instalando entre eles.

No auge do romance, o casal convive com o incensado escritor americano John Dos Passos que durante a guerra civil espanhola se apaixona pelo jovem Paco Zarra, interpretado pelo nosso Rodrigo Santoro. Convivem também com figurões como o presidente americano Franklin Roosevelt e sua Eleanor (no filme, numa montagem à Forrest Gump),  o chinês Chang Kai-Chek (que aparece como um general dominado pela mulher), além revolucionários comunistas chineses.

O mérito de Hemingway&Martha está também em registrar um recorte das principais guerras do século 20, da Guerra Civil Espanhola à da Croácia.  Mostra, por exemplo, como os russos participaram ativamente das brigadas internacionais espanholas, a ascensão do nazismo e do fascismo  os horrores praticados pelos japoneses na China, a crueza do Dia D e por aí vai.

O diretor apela para um efeito que entendi como uma forma de distinguir o que é registro histórico, cenas em tom sépia, da ficção, num belo colorido. Pro meu gosto, funcionou.

Por tudo isso, eu que já era fã do autor de   O Adeus às Armas, Por quem Dobram os Sinos, O Velho e o Mar, fiquei ainda mais inspirado pela figura do irrequieto escritor, beberrão sim, inconstante, sim, mas que não se contentava em apenas registrar a história, mas deixava sua marca como protagonista dos acontecimentos em que participava.

Desculpe, Poti, mas tirante a duração (2h34min), gostei muto de Hemingway&Martha.

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