Djalma Santos, falecido hoje, faz parte das minhas melhores e mais antigas
memórias esportivas. Junto com Nilton Santos ele integrou a defesa da
seleção brasileira campeã de 1958. Na verdade, Djalma só virou titular no jogo
final da Copa da Suécia, substituindo De Sordi, que estava machucado. Já Nilton
Santos era titularissimo.
Ouvi o jogo entre Brasil x Suécia numa manhã fria de
domingo de julho, fascinado com o milagre da técnica que trazia de Estocolmo até a rua Bagé , onde morávamos
no bairro Petrópolis, a voz de Mendes Ribeiro, subindo a descendo pelas ondas
da Rádio Guaíba.
Na ingenuidade dos meus 8 anos e sem ter a tv para o
tira-teima, imaginava eu que os dois clássicos e talentosos laterais seriam
irmãos. Mesmo com o
desmentido da realidade (Djalma era negro quase retinto e Nilton um branquelo), fiquei fã dos dois Santos, tanto assim que meu primeiro time de botão,
um jogo de "panelinhas” era do Botafogo de Nilton Santos. Anos mais tarde, jovem e esforçado repórter da extinta Folha da Tarde, encontrei Nilton
Santos em um hotel em Salvador e, cheio de reverência, perguntei se ele me dava
uma entrevista. Sim, sem problema, e aí
conheci a grande figura humana que ele era.
Já o Djalma Santos, que jogava pelo meu verdão
Palmeiras, não tive a ventura de
entrevistar e, pior, guardo dele a pior das impressões quando o vi jogar ao
vivo. Foi num jogo entre Grêmio x
Palmeiras no velho Estádio Olímpico: ele levou um baile do Volmir, um ponteiro esquerdo maluquete que se
intitulava Volmir Maravilha, gente muito fina e dado a atuações extravagantes,
como naquela tarde de domingo de 1965 quando virou Mané Garrincha e ainda fez um dos gols na goleada de 5 x 1.
Mas nem aquele episódio foi capaz de deslustrar a biografia
esportiva de Djalma, nem minha admiração por ele. Nos tempos da nomenclatura antiga, foi
considerado o melhor lateral direito de
todos os tempos, clássico e limpo para um defensor, capaz de se antecipar aos adversários e,
temor das defesas, cobrava um arremesso lateral como se fosse um
escanteio.
O atleta varzeano que
habitava em mim virou lateral direito, mas diferente do ídolo que sonhava
imitar, era tosco e viril, quase desleal como a compensar a falta de condições
técnicas. Reverência demais,
futebol de menos. Perdão, mestre Djalma e descanse em paz.
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