Credito a minha descoberta das redes sociais, onde me
divirto pra caramba, e a atenção que dispenso a este blog o descaso que, espero,
seja momentâneo com a literatura.
Porém, nem tudo está perdido nessa batalha, porque mantenho
o hábito de consumir nossos cronistas do cotidiano, nas colunas publicadas nos
jornais diários.
A crônica, tal como a conhecemos hoje, parece ser uma
manifestação literária bem gaúcha. Não é por outra razão que há inúmeras
ofertas de oficinas de crônicas, tanto quanto as de contos, todas com o
respaldo de conceituados nomes da nossa literatura. A culpa talvez seja de Luiz Fernando
Veríssimo, nosso cronista maior, mas o público consumidor do gênero vem sendo
cultivado há décadas, acho mesmo que desde que Ruben Braga aqui aportou nos idos de 1940 - conta a lenda que fugindo de um marido
corneado e vingativo – e passou a publicar no Correio do Povo. Os mais antigos falam muito bem de JB, na
extinta Folha da Tarde e, antes que o LFV passasse a dominar a cena, Sérgio
Jockymann teve o seu tempo, assim como Josué Guimarães, que se assinava como
Phileas Fogg (personagem de A Volta ao
Mundo em 80 dias) nos primórdios da Zero Hora. Na chamada crônica esportiva,
Cid Pinheiro Cabral era o cara.
Claro que posso estar cometendo omissões e injustiças nesse
arremedo de resgate da história dos cronistas gaúchos. Na verdade, cheguei até
aqui somente para confessar minha admiração, fanzice mesmo, por alguns dos
atuais cronistas projetados pela nossa mídia. Invejo, uma inveja bem invejosa, a
fluidez dos seus textos, o primado da forma em relação ao conteúdo, a frase bem escrita, cada palavra no seu
lugar e cumprindo ordeiramente sua função, adjetivos e advérbios na medida, os
argumentos bem sustentados, as ironias inteligentes e até mesmo algumas
falsetas vez por outra, mas tão bem urdidas que acabo relevando. Hoje os
jornais estão poluídos de tantos cronistas, mas pro meu gosto só alguns valem a
pena ser lidos.
Ave minha ídala confessa Claudia Laitano, alento e talento de todos os sábados, junto
com meu guru Nilson Souza, também sabatino, racional poético, pai de todos,
fura bolo e mata piolhos de tão bom, além de ser meu vizinho. Salve David
Coimbra, companheiro de confraria com sua erudição erótica, o mais rodrigueano
de todos, e também o Juremir Machado, sub
judíce na confraria mas instigante nas suas provocações e polêmicas, de Palomas para o mundo com passagem por
Paris. Hosanas Kledir Ramil, de Satolep, que aprendi a gostar e gosto cada vez mais e
também Carpinejar, que estou aprendendo a gostar e gostando do aprendizado. E
tem ainda o sazonal e sempre invejado Moisés Mendes e os invejáveis
internéticos Duda Rangel (desilusõesperdidas.blogspot.com) e Ernani Ssó
(Coletiva.net), que produzem textos que eu gostaria de ter escrito.
E não tem muito mais, a não ser mestre Sant’Anna, sempre tão
Sant’Anna, mas que comete pelo menos uma crônica antológica por mês. Só isso já vale.
Quando eu crescer quero escrever como essa gente e ter pelo
menos uma meia dúzia ou dúzia e meia de flávios dutra para me invejar. Por
enquanto, fica só a inveja.
Caro Flávio,
ResponderExcluirMuito obrigado por ter citado o meu nome em tua postagem. E parabéns pelos textos, parabéns pelo blog. Forte abraço.
Repito humildemente, Duda: sou teu fã.
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