sábado, 31 de março de 2012

Deixar de fumar

Vou completar cinco meses sem fumar. É a quinta ou sexta vez que me submeto ao suplício de me apartar do cigarro e sempre digo que “agora é pra valer”.  Até então,  o “prá valer” valia até o primeiro churrasco ou o happy hour regado a muita bebida, a tragada inconseqüente e em seguida a dependência voltava mais forte, como a compensar o período de afastamento.

Devo confessar que já havia tentado de tudo para superar o cigarro: adesivo, sementinha na orelha, chiclete de nicotina, remédios milagrosos, mas o tabagismo vencia sempre. Em uma das recaídas cheguei a usar tudo ao mesmo tempo, enquanto continuava a fumar. Antes que eu me transformasse num homem-bomba o médico que me prescrevia os tratamentos achou mais saudável que eu ficasse apenas com o cigarro.  A experiência me leva ao convencimento  de que nada supera a força de vontade e a persistência, processos que adotei atualmente.
É dura a vida do quase ex-fumante. Escrevo 'quase' porque, segundo alguns especialistas, não haveria ex-fumante ou ex-alcoolista.  A gente ficaria dependente toda a vida, com o vicio à espreita, só esperando a vacilada para voltar com tudo e mais um pouco. Uma coisa é certa: não vou me transformar num quase ex-fumante chato, como alguns que conheço e que passam a patrulhar os que resistem heróicamente, os quais invejo no momento – os que resistem e não o chatos.

Mas, repito,é dura a vida do quase ex-fumante.  Além da barriga crescente, ainda mantenho alguns dos hábitos dos tempos tabagista, como deixar a mesa de refeições rapidamente para fumar aquele prazeroso cigarrinho. E todos sonhamos  com cigarro; sonhamos que voltamos a fumar e acordamos cheios de culpa pela recaída, o que mostra a intensidade do registro do vicio-prazer em nosso organismo e em nossa mente. O pior é que deixamos de ter sonhos eróticos para sonhar com cigarro.  A propósito, noite dessas resisti bravamente em sonho à oferta para dar umas tragadas.  Será  que estou curado, que voltarei a sonhar com lindas mulheres e não com cigarros? Aguardemos os próximos capítulos.


Um comentário:

  1. Concordo com tudo. No próximo dia 7 faz um ano que deixei de fumar, depois de 46 anos. No meio desses 46 houve dois anos de pausa, de 84 a 86, mas depois voltei com mais força.
    Apesar de sonhar que fumo, de espichar o nariz cada vez que sinto cheiro de fumo, da barriguinha que se formou onde antes nada havia, não me arrependo de ter parado. Ficou mais fácil de subir escadas e de transar.
    Abraço!

    ResponderExcluir