quinta-feira, 15 de março de 2012

O blogueiro que sabia demais

Começo a temer pela minha integridade física. É que por circunstâncias diversas e encontros variados passei a ser detentor de segredos que me tornam um sujeito muito perigoso, capaz de balançar o establishment e derrubar reputações tidas como ilibadas. Antes que os apressadinhos tirem conclusões equivocadas informo que nada tem a ver com o mundo da política ou mesmo com atividades profissionais.


Na verdade, tenho sido depositário de cabeludos segredos de alcova, inconfessáveis infidelidades matrimoniais, ardilosas maquinações em busca dos melhores prazeres dessa vida. Carreguei nos adjetivos porque as situações merecem. Não há o que não haja nesses tempos de relacionamentos fugazes.

O mais dramático é que me escolhem - homens e mulheres, sem distinções, nem preconceitos - para relatar as bandalheiras que cometem, logo eu que sou ex-atleta à beira de uma profunda depressão pela lembrança dos tempos do “era bom!”. Desse jeito, logo passarei a ser conhecido como “O blogueiro que sabia demais”, quem sabe tema para um best seller e mote para um oscarizável roteiro cinematográfico, o que só vai aumentar o perigo que me cerca.

Entre os casos, talvez possa relatar o sucedido com uma querida amiga. Foi assim: em uma festa num clube náutico deparou com um dos nossos poucos atores globais. A moça era bem ajeitadinha e recém havia sido brindada com uma foto num jornal local como “A bela da praia – Imcosul”. O patrocínio da promoção indica que o fato deu-se há muito tempo. A verdade é que a jovem, cheia de moral e munida de um pratinho de salgadinhos e das piores intenções, aproximou-se do galã, oferecendo os quitutes e algo mais, se a primeira oferta fosse aceita. O global polidamente recusou os acepipes, mas sua acompanhante (sim, ele estava acompanhado, mas mesmo assim foi assediado pela nossa amiga), fez menção de se apossar da bandeja.

- Ah, eu quero, falou dengosa a acompanhante.

- Sai pra lá, chinelona. Tu achas que eu ia trazer salgadinhos para ti, repeliu, com veemência, a assediadora.

Sem exageros, foi assim que aconteceu e hoje, passado alguns anos do episódio, a agora Senhora da Praia, filosofa.

- A rejeição é sempre ruim, só que eu fui rejeitada por um ator global, mas dei o troco naquela sirigaita.

Teria outras histórias bem mais escabrosas para contar da mesma pessoa e de outras que me cercam, mas por segurança me impus um silêncio obsequioso.

Porém, nem tudo está perdido, caríssimos. Também me relaciono com gente do bem, como um caro amigo, rapaz bem situado na vida que tem sido assediado ostensivamente por quatro ou cinco raparigas, uma mais linda que a outra. Mas ele resiste e sua arma de defesa contra as pretendentes é a reluzente aliança de noivado, que exibe tão ostensivamente como o assédio que sofre. A porção maldosa dos meus parceiros já faz apostas em relação ao tempo em que o jovem resistirá. Eu, como ainda acredito na humanidade e que o bem sempre vence, estou apostando todas as minhas fichas como ele não cederá às tentações. Inclusive, estou disposto a auxiliá-lo nesse enfrentamento...É só me convocar.

E assim, de história em história, vou acumulando informações e me tornando um perigo para os que me cercam e para mim mesmo. Prestem atenção: se algo me acontecer, procurem saber com quem almocei nos últimos dias. O suspeito (a) ou suspeitos (as)  certamente estarão entre os comensais...

Um comentário:

  1. Não só o autor, mas alguns leitores também conhecem determinados "personagens" de seus textos, como o "noivo" e o que foi conhecer O PRESENTE. Todos corremos riscos, rsrsrs...

    Um abraço,
    Gothe.

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