Em cada despedida a gente deixa um pedaço pelo caminho. E o pedaço que fica é a única ponte com o que ficou. Como explicar essa compulsão de estar permanentemente em trânsito, sem amarras nem âncoras, a não ser o caco que se deixou para trás? Talvez seja a necessidade de desafiar o novo e suas incertezas , mostrar que somos donos do destino e grandes no enfrentamento. A retomada também é penosa, mas é escolha, então, é seguir em frente, mesmo que despedaçados a cada partida.
E logo o ciclo recomeça, com a rotina que sufoca, o prazeroso que não se consuma, as relações que se intrincam e trincam, renúncia e redenção, e mais um pedaço da vida que se vai. Renovar é preciso, mas deve haver um ponto de estabilidade para conter essa vocação para o duvidoso e a busca sem fim de um Xangri-Lá que não existe. Se ao menos existisse uma fórmula pronta para harmonizar o paradoxo que nasce da vontade de partir e o desejo de ficar, de querer o movimento mas não o sentimento de perda.
Se não há saída, decidido está.
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