segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Confrades, poupanças e consórcios - Parte 2

Estou chegando a uma triste constatação: quando escrevo sobre assuntos considerados mais sérios ninguém dá retorno, mas basta tratar de algum tema que beire a sacanagem e os devassos logo se manifestam. Não é só a pequenez humana que não tem limites, a sordidez humana também não. Firmei essas convicções diante das repercussões de um texto despretensioso ("Confrades, poupanças e consórcios",em 1º/agosto/2010 ).

A croniqueta dá conta das artimanhas que parceiros de uma confraria que freqüento tem utilizado para atrair potenciais conquistas. É tudo verdade, mas os envolvidos ficaram ofendidíssimos com as revelações:

- Qual é a tua, quer queimar nosso filme? A Fulana leu, não gostou e agora se recusa a receber a poupança, reclamou o confrade que reservou uma boa grana para investir numa moçoila faceira, a tal Fulana.

Embora condene o viés monetarista utilizado pelo companheiro, fiquei com sentimento de culpa por ter atrapalhado a conquista. E se “fulana” fosse a alma gêmea do nosso amigo e não uma ardilosa caçadora de poupança?

Já o confrade que estava organizando um consórcio para administrar a relação com uma moça de bom tamanho e grandes predicados estéticos, alega que ficou no prejuízo.

- Quando a história do consórcio veio a público, todos os interessados em participar desistiram e agora vou ter que arcar com os custos sozinho.

Para falar a verdade, fiquei com inveja do companheiro depois que conheci o potencial da moça. Quase me ofereci para dividir os prejuízos, mas me contive porque minha austera formação moral funciona como um freio para essas práticas condenáveis.

Por fim, aquele sessentão que imaginava ganhar uma cobiçada colega, argumentando que ela fora escolhida para o momento histórico do encerramento de suas atividades sexuais, desistiu da empreitada.

- Prestastes um desserviço à causa! Como vou poder usar a cantada se o assunto agora é público? Pensando bem, vou adiar a despedida.

Essa manifestação me deixou mais tranqüilo porque, de alguma forma, contribui para que o vigoroso sessentão continuasse na ativa. Mas foi a única sinalização positiva que extrai do episódio, tanto assim que nem tenho sido mais convidado para os almoços e jantares da confraria.

- Com as besteiras que estás escrevendo, tens mais é que participar da confraria do David Coimbra, justificou o líder dos bandalhos.

Fiquei sem saber se era um elogio ou uma ofensa.

Um comentário:

  1. Olha tenho a sensação de que a Confraria do Davi Coimbra é a dos que tem o dom da palavra certa, o livro perfeito para inicio de qualquer assunto mas, em verdade, lhes falta o experiência para saber a hora certa do bote fulminante e devorador. Nisso os 60tões que realmente aprenderam com a vida são mestres.

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