segunda-feira, 25 de julho de 2022

Fronteiras como metáfora

*Publicação nesta data em coletiva.net

Participo do Fronteiras do Pensamento desde a primeira edição  em 2007. Presenciei de A a Z boa parte das mais de 170 conferências de grandes pensadores, do escritor Amós Oz ao sociólogo Zygmunt Baumant, passando por todo o abecedário de intelectuais, de todas as áreas do conhecimento e de variadas nacionalidades.  Nunca antes Porto Alegre foi agraciada com as idéias de tantos Prêmios Nobel  trazidos pelo Fronteiras: o economista  indiano Amartya Sem, o médico congolês Denis Mukwege, o economista norte-americano Edmund Phelps, o líder timorense José Ramos-Horta, o ex-presidente polonês Lech Walesa, o escritor colombiano Mário Vargas Llosa, escritor turco Orhan Pamuk. Tive algumas poucas frustrações, como a conferência de Tom Wolfe, um dos expoentes do chamado Novo Jornalismo, que fez participação apenas cumpridora em 2011.

Minhas relações com o Fronteiras se estreitaram ainda mais quando tive o privilégio de apresentar uma das conferências,  a da psicanalista a Maria Lucia Khel  em 2009. Por pouco não fui vaiado, quando, para ganhar tempo,  tentei encurtar o espaço de perguntas da platéia. Acabei salvo pela generosa conferencista, que se dispôs a responder a três perguntas por vez e foi muito aplaudida, enquanto encerrei ali minha iniciante carreira de âncora de eventos.

Particularmente gosto do termo fronteiras, que compõe o nome do evento  e remete à limites, só que prefiro a idéia de fronteiras como espaços que precisam ser transpostos, explorados  e conquistados. No sentido mais amplo, penso que é uma  metáfora  condizente para a busca de conhecimentos a que se propõe o Fronteiras do Pensamento, num processo que mexe com nosso ambiente cultural, provoca reflexão, promove a pluralidade de posições, aprofunda e compartilha novos saberes para além da academia.

O evento, idealizado pelo João Ruy Freire, à época diretor de Relações Institucionais da Brasken, juntamente com a curadoria do mestre Fernando Schiller e produção detalhista da equipe do Pedro Longhi, chega agora à edição 15º edição, com novidades. Este ano o Fronteiras troca de local, do Anfiteatro da UFRS para a Casa da Ospa, no Centro Administrativo do Estado, mas mantém alta a régua dos palestrantes, num sistema hibrido, parte  on line e a volta do presencial. Com o tema da hora, Tecnologias para a Vida, a partir do dia  10 de agosto  começa o ciclo com o neurocientista norte-americano Stuart Firestein e a pesquisadora brasileira Natalia Pasternak. Depois, até novembro,  ocorrem as participações de Frédéric Martel, Steven Johnson, Luc Ferry, Élisabeth Roudinesco e Marcelo Gleiser (presenciais), Jorge Caldeira, Maria Homem, Martha Gabriel, Mayana Zatz, Rodrigo Petronio e Sidarta Ribeiro (online).

Conjuntos de instrumentistas da Ospa farão apresentações musicais na abertura de cada conferência, com a condução do maestro Evandro Matté. Outra novidade será a parceria com a Bienal do Mercosul, que permitirá aos participantes do Fronteiras conferir a instalação Experimento de Suspensão nª 1, uma pedra filosofal suspensa  por fios que a deixam flutuando no ar, obra de Paulo Nenflídio.

Incorporando a parceira com a Ospa e a Bienal do Mercosul, o Fronteiras do Pensamento amplia ainda mais sua característica multicultural. E assim celebra duas instituições icônicas, que orgulham e projetam  nossa Porto Alegre de 250 anos.

Já recebi meu kit de acesso e agora “bora lá”, como falam os moderninhos.

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