* Publicado em coletiva,net em 16/11/2020
A fanfarronice bélica
de Bolsonaro, ameaçando um enfrentamento militar com os EUA por causa da
Amazônia, lembra uma clássica comédia de 1959, estrelada por Peter Sellers. “O
Rato Que Ruge” é uma sátira à política internacional do período da Guerra Fria,
mas resiste ao tempo e se adapta ao caso
brasileiro.
A sinopse: um pequeno
país, o fictício Grão Ducado de Fenwick, fronteiriço à França e a Suíça,
enfrenta uma grave crise financeira e declara guerra aos Estados Unidos. Com isso, certos de que serão
derrotados, esperam receber ajuda americana (uma referência ao Plano Marshal,
pós II Guerra Mundial) para se reerguer e resolver seus problemas econômicos. Um atrapalhado marechal invade Nova Iorque com
22 arqueiros, deparando
com a cidade deserta por causa do
teste de uma nova e superpoderosa bomba. Resultado: eles encontram e sequestram
o cientista que desenvolveu a bomba e juntamente com a filha dele e o artefato,
retornam à Fenwick. Ou seja, saiu tudo
errado: eles venceram a guerra. Nem tudo estará perdido, porém: aos EUA só
resta reconhecer a derrota e aceitar as exigências do Grão
Ducado para o armistício, entre as quais uma boa compensação financeira e a
retomada do mercado americano para seu vinho.
Qualquer semelhança com
o rugido tupiniquim, exceto pela improvável vitória do invasor, será mera
coincidência, mas remete a uma infeliz constatação: ontem e hoje, sempre haverá uma comédia a
imitar a realidade brasileira.
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