* Publicado em 17/08 em coletiva.net
Em poucos dias neste funesto
2020 perdi dois amigos e ex-colegas dos tempos da grande equipe esportiva da
Rádio Guaíba. Primeiro foi o Clóvis Rezende, repórter atuante , que tinha ainda
duas qualidades que o notabilizavam: era um habilidosíssimo jogador de futebol
e um grande contador de piadas. Nas incursões com o Expresso da Alegria, o time
de futsal da rádio que participava de jogos beneficentes no Interior, havia um
momento reservado ao show especial do Clóvis, normalmente após o jantar que nos era oferecido. Ele
emendava uma piada atrás da outra e, mesmo nós que já conhecíamos todo o
repertório, não resistíamos e gargalhávamos juntos com os anfitriões. Perdemos este figuraço para o câncer.
Segunda-feira passada
recebo à noite a triste notícia da morte, por complicações da Covid-19, do
Edegar Schmidt, amigo desde o primeiro contato
nos anos 1970, depois colega, padrinho de casamento, parceiro em alguns
projetos e em veraneios com as famílias, como registrei no texto O Sarninha ( https://viadutras.blogspot.com/2014/12/o-sarninha.html.).
Ele já estava debilitado depois de um AVC, mas interagia com os inúmeros amigos que o visitavam na clínica
onde passou a morar. Nunca tive coragem
de visitá-lo e até confessei
publicamente num programa de rádio minha fraqueza, minha covardia. Fiquei
devendo um abraço fraterno ao amigo, que vi pela última vez em vida num evento em que fomos
homenageados pela Associação de Cronistas Esportivos Gaúchos, só restando
depois levar minhas despedidas a ele e minhas condolências à família e aos
amigos que desafiaram a pandemia para comparecer no rápido velório.
A mim não surpreenderam
as manifestações que acompanhei nas redes sociais desde que foi anunciado o
falecimento do Edegar. Era uma pessoa do bem, sempre disposto a ajudar os
outros e um profissional respeitado pela sua trajetória. Criativo e empreendedor, recebeu o devido reconhecimento
de “inspirador” para as novas gerações, como constatei em diversos comentários.
É isso que serve de consolo nesta hora de
tantas perdas, em que falar nos que se foram e deixaram saudades pode nos
deprimir ainda mais. Mas, jornada que segue, é preciso encarar essa realidade e não fugir
dela, como quem foge da visita ao amigo.
É preciso dar realce ao que serve de legado e, mais ainda, se for afetividade.
Para quem, como eu, é
eterno aprendiz, cada um dos
companheiros que se foi, deixou o
melhor de si e ,estejam certos, eu soube absorver e isso me fez bem e me ajudou
a crescer. Pela inspiração ao longo dos anos de convivência, meu reconhecimento
aos guaibeiros Milton, Lupi, Érico, Antonio Augusto, Wianey, Mazzui, Cagliari e a tantos mais que
já nos deixaram. De uma forma ou de outra, como o Clóvis e o Edegar, gente que
inspirou e iluminou, gente com o dom de tocar o outro, que é o lado divino de
cada um de nós.
Desculpem se trato de uma
questão muito pessoal, mas eu precisava compartilhar esse sentimento antes que toda
minha turma se vá, porque é tão triste
quando a gente olha em volta e se sente cada vez mais solitário pela ausência
daqueles com quem construímos uma história.
(Acaba logo 2020)
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