terça-feira, 18 de agosto de 2020

Gente inspiradora importa

 * Publicado em 17/08 em coletiva.net

Em poucos dias neste funesto 2020 perdi dois amigos e ex-colegas dos tempos da grande equipe esportiva da Rádio Guaíba. Primeiro foi o Clóvis Rezende, repórter atuante , que tinha ainda duas qualidades que o notabilizavam: era um habilidosíssimo jogador de futebol e um grande contador de piadas. Nas incursões com o Expresso da Alegria, o time de futsal da rádio que participava de jogos beneficentes no Interior, havia um momento reservado ao show especial do Clóvis, normalmente  após o jantar que nos era oferecido. Ele emendava uma piada atrás da outra e, mesmo nós que já conhecíamos todo o repertório, não resistíamos e gargalhávamos juntos com os anfitriões.  Perdemos este figuraço para o câncer.

Segunda-feira passada recebo à noite a triste notícia da morte, por complicações da Covid-19, do Edegar Schmidt, amigo desde o primeiro contato  nos anos 1970, depois colega, padrinho de casamento, parceiro em alguns projetos e em veraneios com as famílias, como registrei no texto O Sarninha ( https://viadutras.blogspot.com/2014/12/o-sarninha.html.). Ele já estava debilitado depois de um AVC, mas interagia com os  inúmeros amigos que o visitavam na clínica onde passou a morar.  Nunca tive coragem de visitá-lo e até  confessei publicamente num programa de rádio minha fraqueza, minha covardia. Fiquei devendo um abraço fraterno ao amigo, que vi pela última  vez em vida num evento em que fomos homenageados pela Associação de Cronistas Esportivos Gaúchos, só restando depois levar minhas despedidas a ele e minhas condolências à família e aos amigos que desafiaram a pandemia para comparecer no rápido velório.

A mim não surpreenderam as manifestações que acompanhei nas redes sociais desde que foi anunciado o falecimento do Edegar. Era uma pessoa do bem, sempre disposto a ajudar os outros e um profissional respeitado pela sua trajetória. Criativo  e empreendedor, recebeu o devido reconhecimento de “inspirador” para as novas gerações, como constatei em diversos comentários.

É  isso que serve de consolo nesta hora de tantas perdas, em que falar nos que se foram e deixaram saudades pode nos deprimir ainda mais. Mas, jornada que segue,  é preciso encarar essa realidade e não fugir dela, como quem foge da visita ao  amigo. É preciso dar realce ao que serve de legado e, mais ainda, se for afetividade.

Para quem, como eu, é eterno aprendiz, cada um dos  companheiros  que se foi, deixou o melhor de si e ,estejam certos, eu soube absorver e isso me fez bem e me ajudou a crescer. Pela inspiração ao longo dos anos de convivência, meu reconhecimento aos guaibeiros  Milton, Lupi,  Érico, Antonio Augusto,  Wianey, Mazzui, Cagliari e a tantos mais que já nos deixaram. De uma forma ou de outra, como o Clóvis e o Edegar, gente que inspirou e iluminou, gente com o dom de tocar o outro, que é o lado divino de cada um de nós.

Desculpem se trato de uma questão muito pessoal, mas eu precisava compartilhar esse sentimento antes que toda minha turma se vá, porque é  tão triste quando a gente olha em volta e se sente cada vez mais solitário pela ausência daqueles com quem construímos uma história.

(Acaba logo 2020)

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