* Publicado nesta data em coletiva.net
(Vagamente baseado em fatos reais)
- Alguém viu o Hailander?
Quem pergunta é a Cyntha Prescila.
- Parece que tá lá no depósito.
Quem responde é Ricarlison.
- Não mesmo, vi o Hailander lá pros lados do
vestiário.
A interferência foi da Kimberly
- Bah, este cara vive sumindo.
A queixa é do Uillian.
(- Já tá merecendo um corretivo)
O resmungo, quase inaudível, é do Dionathan.
- Este guri não
tem mais jeito.
O repique é da Qelly
Maria
Vocês estão autorizados a pensar que o Hailander, o
guri do supermercado, recebeu o apelido por causa do personagem dos filmes e
séries Highlander, conhecido como o Guerreiro Imortal, o escocês que, mesmo ferido mortalmente em
combate, ressuscitava tempos depois. Nosso Highlander das gôndolas teria o dom
de desaparecer durante o expediente para
reaparecer tempos depois, lépido e faceiro, pronto para novas batalhas de
empacotamento nas caixas.
Nada disso, no
crachá do garoto mirradinho, de cara espinhenta e cabelo espigado que lembra o
primeiro ministro inglês, está escrito Hailander José da Silva.
O pai era fã do herói, mas a mãe não abriu mão de
juntar o nome do pai, seu Zé, homem
respeitável no pedaço, ao nome do guri, que não fez jus à fama do avô nem a
coragem do Highlander, mas tão somente à capacidade de sumir e reaparecer. Para
não dizerem que não tem nada mais a ver com o personagem, o garoto é meio
vesguinho como Cristofer Lambert, o Highlander original. Aliás, por pouco
não recebeu o nome de Kristobert em homenagem ao ator, mas a mãe achou que aí já era um exagero.
Quem revela esses histórico sobre o garoto é o gerente do mercado, um sujeito
simpático e amigo da familia, de nome estranho para aquele ambiente:
- João Carlos da Silveira, as suas ordens.
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