Causa inveja entre os meus pares de confrarias aqueles sujeitos que
conseguem conviver, sem maiores problemas, com dois ou três relacionamentos,
sendo apenas um oficial e os outros no paralelo. Alguns casos célebres chegaram
ao meu conhecimento e são célebres porque envolvem celebridades cujos nomes
prudentemente omitirei. Um deles diz respeito a intelectual e homem de
comunicação de renome, que mantinha dois relacionamentos em Porto Alegre – a
esposa e a outra, uma outra oficial, por assim dizer. Tanto assim que ambas
tinham conhecimento da existência da outra e do status da relação com o
infiel.
Mas o nosso personagem não estava satisfeito com a duplicidade de
mulheres e numa viagem ao exterior importou uma rapariga, com a qual se
relacionara intensamente no país dela. Quando a moça aqui se instalou é claro
que sua presença e seu enrabichamento com o importador logo chegaram ao
conhecimento das outras duas. A titular, que chamaremos de Eva, acostumada às
puladas de cerca do marido, bancou a superior e fez vistas grossas e ouvidos
moucos. A outra, porém, ficou magoadíssima, foi ao encontro do camarada e na
sua queixa representou a dupla brasileira: “Eu e a Eva não merecemos isso! O
que tu estás fazendo é um desrespeito a nós duas”, choramingou.
O chororô adquiriu uma conotação tão dramática e foi um raro exemplo de
solidariedade no naipe feminino, que o sujeito teve que devolver a outra das
outras à terra origem dela. A moça, aliás, ficou sem entender o que aconteceu,
ela que imaginava ter encontrado seu príncipe encantado versão brazuca.
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