sexta-feira, 18 de março de 2016

Histórias Curtas do ViaDutra: As Outras

Causa inveja entre os meus pares de confrarias aqueles sujeitos que conseguem conviver, sem maiores problemas, com dois ou três relacionamentos, sendo apenas um oficial e os outros no paralelo. Alguns casos célebres chegaram ao meu conhecimento e são célebres porque envolvem celebridades cujos nomes prudentemente omitirei.  Um deles diz respeito a intelectual e homem de comunicação de renome, que mantinha dois relacionamentos em Porto Alegre – a esposa e a outra, uma outra oficial, por assim dizer. Tanto assim que ambas tinham conhecimento da existência da outra e do status da relação com o infiel. 

Mas o nosso personagem não estava satisfeito com a duplicidade de mulheres e numa viagem ao exterior importou uma rapariga, com a qual se relacionara intensamente no país dela. Quando a moça aqui se instalou é claro que sua presença e seu enrabichamento com o importador logo chegaram ao conhecimento das outras duas. A titular, que chamaremos de Eva, acostumada às puladas de cerca do marido, bancou a superior e fez vistas grossas e ouvidos moucos. A outra, porém, ficou magoadíssima, foi ao encontro do camarada e na sua queixa representou a dupla brasileira: “Eu e a Eva não merecemos isso! O que tu estás fazendo é um desrespeito a nós duas”, choramingou.


O chororô adquiriu uma conotação tão dramática e foi um raro exemplo de solidariedade no naipe feminino, que o sujeito teve que devolver a outra das outras à terra origem dela. A moça, aliás, ficou sem entender o que aconteceu, ela que imaginava ter encontrado seu príncipe encantado versão brazuca. 

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