Esta aconteceu com meu dileto amigo Guto, colega de profissão e de
escrita*. Sucede que envolvido em campanha politica, o Guto costumava varar a madrugada no estúdio onde eram
produzidas as gravações do programa de rádio da candidatura. Nessas empreitadas
era acompanhado pelo pessoal da técnica e pela locutora do programa, mulher
exuberante, mas comprometida, além de ser uma profissional corretíssima.
Em certa jornada o Guto, esperando a finalização do programa já na madrugada
alta, anunciou que providenciaria café para manter a equipe bem desperta.
Aproveitou para deixar o celular carregando e lá se foi para a improvisada
cozinha.
Eis que toca o aparelho e a querida e prestimosa companheira de trabalho
decide atender. No outro lado, a mulher do Guto, surpresa e, com fundadas
razões, absolutamente desconfiada, disparou:
- Alo, quem é ?
- É a Flora, que trabalha com o Guto.
- E ele onde está?
- Está no banheiro agora...
- Entendi tudo, - e desligou abruptamente.
A inocente Flora não se deu conta da confusão que acabara de criar,
agravada pelo fato de não ter avisado Guto do telefonema. E, claro, quando
nosso amigo chegou em casa estranhou o clima pesado. Na sala encontrou a
mulher à espera, tresnoitada e com cara de muitos inimigos, todos em pé de
guerra.
- O que houve amor? – perguntou candidamente o Guto.
- Tu é bem cara de pau! Mentindo descaradamente que estava trabalhando e
agora descubro que está tendo um caso com essa tal de Flora.
Foram muitos argumentos, várias explicações e horas de
conversação até que o Guto conseguisse convencer a patroa do equívoco que
estava cometendo. Tudo por causa de um telefonema mal interpretado. Hoje,
quando eventualmente encontra Flora vai logo advertindo:
- Cuidado com essa mulher, ela quase acabou com meu casamento, - diante
do sorriso amarelo da moça que, a propósito, continua bem competitiva.
Pior aconteceu com outro comum amigo que, diferente do Guto, tinha culpa
em cartório. Do motel onde se refugiara com a secretária teve o cuidado
de ligar para a mulher, avisando que se atrasaria devido a um compromisso
profissional. Só não teve o cuidado extra de conferir se o telefone
estava desligado quando, de imediato, começou as saliências com a parceira.
Resultado: a mulher em casa acompanhou on line todas as estripulias
sexuais, os” ai,ai,ai”, os “ui,ui,ui”, os “agora vira”, os “é a minha
vez”, até o clímax final, que teve a mesma intensidade da brabeza da
testemunha auditiva.
Confesso que desconheço o desfecho doméstico do caso. Sei apenas
que o descuidado amigo jogou o telefone na lata de lixo e nunca mais usou outro
aparelho. O mesmo procedimento deve ter adotado um terceiro parceiro que,
igualmente metido a esperto, ligou para a mulher direto do motel para informar
que ia se atrasar mas esqueceu de baixar o som do canal de TV que exibia um
filme pornô com calientes diálogos em espanhol. E tem o caso daquele outro que
ligou para a mulher enquanto a parceira tomava uma “duchinha”, cuja sonoridade, evidentemente, acabou vazando na conversa.
Enfim, como bem lembrou o Guto depois do episódio em que se viu
envolvido, a tecnologia que deveria aproximar as pessoas tem sido responsável
por muitas separações. A assertiva vale especialmente para os distraídos.
* Os nomes são fictícios, mas as histórias reais
* Os nomes são fictícios, mas as histórias reais
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