domingo, 27 de setembro de 2015

Sessão nostalgia: As Regras do Jogo

O título não tem a ver com a nova novela da Globo, mas tudo a ver com um mergulho na infância lá no bairro Petrópolis , entre as décadas de 50 e 60 do século passado.  Na confluência das  ruas Montenegro e Bagé existia o que chamávamos de terreno baldio, uma nesga de terra que lembrava vagamente um triângulo escaleno, se lembro bem as aulas de trigonometria, ou seja com todos os lados desiguais.  O terreno tinha ainda um pequeno declive dos fundos em direção às ruas. Era o Triangulo,um campinho de futebol.

Não havia marcação no campinho, as goleiras eram demarcadas com tijolos ou tocos de madeira e a bola de borracha circulava tanto pelo areão como pelo lado de grama irregular e repleto de guanxumas    Mesmo assim o Triangulo era a nossa grande arena esportiva, o  Maracanã  de um bando de garotos  de 10, 12 anos, por aí, que morava nas vizinhanças.  Ali éramos Messi e Neymar, Luan e Valdivia, ou para ser fiél àquele período, éramos Pelés, Garrinchas, Vavas, Niltons Santos, os campeões mundiais que tanto nos orgulhavam. 

Pelo que sei nenhum de nós virou craque, mas ficou uma lembrança gostosa que não se apaga.  Uma lembrança que foi avivada por um parceiro de então, o Romano Bottin, hoje um bem sucedido engenheiro e empreendedor que, juntamente com o  irmão Sérgio (os filhos do seu Bottini,dono do armazém de secos e molhados na João Abott com Carazinho)  dava suas bicancas no Triangulo. Pois o Romano resgatou no Facebook, de autor desconhecido, As Regras do Campinho de Futebol, que tomo a liberdade de reproduzir como um tributo a todos os que, nos triângulos da vida,  se sonharam craques, e desfrutavam de uma felicidade conquistada com tão pouco - um terreno baldio, uma bola de borracha e a energia inesgotável dos meninos sonhadores.

As Regras do Campinho de Futebol:

(1)Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times. 
(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação.
(3) Um time joga sem camisa. 
(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de Catar. 
(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol. 
(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar a cobrança.
(7) Os piores de cada lado ficam na zaga. 
(8) O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador. 
(9) Não tem juiz. 
(10) As faltas são marcadas no grito: se vc foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.
(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio").
(12) Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.
(13) Quem chuta a bola pra longe tem que buscar.
(14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa.
(15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa. 
(16) Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha".



Nenhum comentário:

Postar um comentário