2013 têm sido particularmente perverso em nos privar
de pessoas próximas. A cada semana alguém mais é escolhido e fico com a sensação de que estão chamando a
minha turma. Só não sei qual o critério para a convocação e, para deixar claro, não gostaria mesmo de saber, porque não deve existir nada mais
angustiante do que ter noção de que seu
fim esta próximo.
A verdade é que essa necessidade cada vez mais
frequente de comparecer a velórios e enterros, e um interesse que não tinha antes
de consultar diariamente o obituário do jornal não faz de mim uma pessoa mais mórbida, mas sim uma vítima das surpresas negativas que
essa quadra da vida reserva a cidadãos de idade mais avançada.
E a cada situação fico a pensar na finitude da vida
e quanto ainda me resta de gozo e convivência por aqui. Não me desespero, mas olho o companheiro que se foi e, tristemente, o que ali está é só matéria, que
logo vai se decompor ou vai virar um montículo de cinzas.
Será que é só isso mesmo o que nos espera, que o sopro
de vida que um dia recebemos se esvai
assim, sem mais nem menos, vai ficar na nuvem como uma hashtag qualquer . É muito pouco diante do vale de
lágrimas a que a maioria de nós é submetida
nesta existência.
Talvez eu devesse acreditar que a morte nada mais é
do que a passagem para o nosso encontro com o Criador ou com o Demo, dependendo
do nosso comportamento por aqui. Ou então torcer para que o paraíso das virgens com lábios de mel exista
de fato lá em cima. Mas sou um descrente condenado à danação eterna, que é o
castigo dos que se apartaram da fé.
Essas divagações mórbidas mexem com a gente. Preciso tomar um vinho e
celebrar a vida.
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