sábado, 20 de setembro de 2014

República de Bulhufas

Não lembro quando e como começou a brincadeira,  mas a verdade é que atualmente a República (ou Reino?) de Bulhufas é uma realidade e não uma abstração. Os mais altos interesses desse país, que tem o tamanho da nossa imaginação, são articulados por um grupo de intelectuais, jornalistas, publicitários, servidores públicos, reunidos numa tal de Confraria do Cachorro Quente.

A confraria já aceita – de muito bom grado – reforços do naipe feminino, um contingente constituído especialmente de esposas e companheiras que vem controlar o que seus inconfiáveis entes queridos “ estão fazendo sei lá o que nos tais encontros...”.  Mas o que une a todos, de verdade, é a campanha em prol da eleição do nosso líder, o publicitário, signatário e nunca autoritário Paulo Motta à presidência de Bulhufas.

 A campanha ganha corpo no Facebook  (em Bulhufas vai ganhar outro nome Facebulhufa) sob o slogan “Paulo Motta, o homem que entende Bulhufas” e tem se prestado a rimas ricas e pobres com o sufixo “ota”.  Nosso líder, embora o passado um tanto obscuro aqui e ali, é homem de palavra e prometeu que cada um dos confrades ganhará seu Ministério. São mais de 300  Ministérios para distribuir e faltará gente para ocupar tantos cargos, por isso seremos obrigados a importar ministros dos países vizinhos – Uruguai , Rio Grande do Sul e Brasil; Argentina fora.

Resta uma questão em aberto:  Bulhufas será mesmo uma República ou um Reino? Nosso líder desconversa sobre o assunto, mas nos bastidores maneja para virar rei, dando início à dinastia dos Motta. Se não vingar tal projeto pensa em se candidatar à Papa sob o nome de Gaúcho Primeiro, um tributo aos colonizadores de Bulhufas.   

Brincadeiras à parte, minha tese – como vocês sabem, adoro uma tese -  é que Bulhufas nada mais é que uma projeção bem humorada daquele desejo que a maioria de nós cultiva, consciente ou inconscientemente, de resgatarmos a República de Piratini, desfazendo nossa parceria tão desigual com o Brasil.  Esse irredentismo aflora com força no 20 de Setembro e só não vai adiante por absoluta inviabilidade. O que resta, então,  é cultuar os chamados ideais farroupilha de igualdade, liberdade e fraternidade.  Se for feito com bom humor, como em Bulhufas, melhor ainda.


Agora, se me permitem, parafraseando os gaúchos,” ah, eu sou Bulhufas”.

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