Como vocês sabem tenho mania de ouvir conversas
alheias na mesa ao lado. Herança dos
tempos de repórter que um dia fui e ter ouvidos aguçados era preciso. Pois noite dessas, entre um bolinho de
bacalhau e outro, à espera do meu linguado à portuguesa , fui apanhado por uma frase
da mesa ao lado:
-...e o cara me disse que estava há 10 anos sem
transar!
De imediato, liguei todas as antenas e me detive no
relato que o rapaz fazia para a assistência da mesa ao lado. Pelo que entendi, a história é mais ou menos
assim: uma cunhada do relator enamorou-se
de um jovem extremamente religioso e isso mudou sua vida e o cotidiano de toda a família.
-Até meu sogro teve que mudar os hábitos, parar de
dizer palavrões, para não atrapalhar o relacionamento, explicou o rapaz da contação.
Ato seguinte, mostrou no celular a foto da moça e
pela reação dos circunstantes deduzo que se trata de um belo espécime da raça
humana no seu naipe feminino. Apesar dos atributos físicos e de um passado,
digamos, festivo e diversificado, a moça estava enfeitiçada pelo namorado a
ponto de dedicar parte do seu tempo para, juntos, lerem e refletirem sobre as
lições dos capítulos e versículos bíblicos.
Só que, passados seis meses de seca, a jovem já não
aguentava mais a falta de iniciativa do moço e, certa noite na casa dos pais na
praia, ficou nua em pelo no quarto sobre a cama, simulando que estava
dormindo. Ao abrir a porta do quarto
para um beijo de boa noite e uma última oração, o namorado entrou em pânico
diante daquele quadro erótico on line.
Tratou então de sacudir a jovem, exigindo que se vestisse. Como ela
continuava fingindo sono profundo, começou a vesti-la da calcinha ao pijama, ao contrário do que era de se esperar
do verdadeiro amante, que retiraria roupa por roupa – foi o pensamento
malicioso que me ocorreu ao ouvir o relato.
A tensão entre eles aumentou e decidiram casar para
que pudessem consumar a união, conforme os preceitos religiosos do rapaz. Casaram e a primeira noite foi também a
ultima: a moça, ansiosa pela espera da pegada do namorado, decepcionou-se com o
desempenho e os dotes do rapaz. A paixão
evaporou-se em apenas uma noite, uma noite frustrante. E no dia seguinte a moça já estava procurando um ex, confiável
na pegada e nos dotes, enquanto o marido despejava pragas e previa o ” fogo
eterno” para a infiel.
Sucede que depois de 10 anos sem praticar, o moço
estava sem empuxe, tinha desaprendido o
pouco que sabia, sem contar que estava desapetrechado no principal equipamento. Até para casar tem que ter treino, conclui
eu, ao retornar aos acepipes e à conversa mais trivial na minha mesa.
A mesa ao lado havia rendido!
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