Li com atenção a matéria de ZH Momentos finais de
John Kennedy, do competente Léo Gerchmman, que tenta trazer novas luzes sobre
o assassinato do jovem e charmoso presidente dos EUA, em 1963. A matéria remete
ao livro os Últimos dias de John F.Kennedy , de Bill O’Reilly e Martin Dugant
que vendeu mais de dois milhões de exemplares e virou filme assinado por
Ridley Scott, com Rob Lowe no papel do
presidente. Tirante os infográficos que
mais atrapalham do que ajudam, a edição
de ZH mostra as várias relações que podem se estabelecer no caso, um quem é
quem de suspeitos e, naturalmente, resgata as teorias conspiratórias sempre
presentes nesses episódios.
Tenho certo fascínio pelo tema desde que fui impactado pela notícia da trágica morte de
Kennedy. Tinha, então, 13 anos e já era
ligadíssimo em politica internacional. Acompanhara preocupado a crise dos
mísseis e confesso que fiquei decepcionado com
o fracasso da invasão de Cuba pela baia dos Porcos. Eram tempos nebulosos aqueles também no
Brasil. Em 1961 ocorreu a renuncia de
Jânio e o movimento da Legalidade que Brizola comandou, vergando os que se
opunham a posse de Jango. E eu acompanhava tudo pelo noticiário das emissoras
de rádio, eis que adornava nossa sala, em tempos de pré-aquisição da TV, um
enorme aparelho Philco, com 10 ou 12 ondas.
Mesmo sem TV em casa, lembro bem a cena repetida à
exaustão da morte de Lee Oswald dentro de uma delegacia de Dallas por um tal de
Jack Ruby ,diante do olhar espantado dos policiais texanos. São esses
personagens que se perderem na história, tipo Jack Ruby ou a ex-esposa de
Oswald, Marina e a filha Jane, dos quais não mais se ouviu falar, que me
intrigam. Que destino tiveram? Ainda vivem?
E, afinal, quem pagou Ruby para matar Oswald? Só o que ganhou destaque em primeiro plano
foram as tragédias que devastaram os Kennedy .
Quis o destino que eu passasse mais de 50 dias em
Dallas durante a Copa de 94, a serviço da Rádio Gaúcha. Entretanto, foi só na véspera da decisão que o Holmes Aquino, o
Gilberto Kussler e eu que conseguimos agendar um tour pelo Depósito de Livros,
junto ao descampado da praça Dealey. Lá
chegando, o americano que distribuía os gravadores para acompanharmos todas as etapas da visita,
ao descobrir que éramos brasileiros, deixou de cobrar pelo equipamento e ainda
garantiu que torceria pelo Brasil no dia seguinte contra a Itália.
Durante todas as estações que descrevem o episódio e
seus desdobramentos, andar por andar, fica a impressão que tudo foi montado para justificar as conclusões da Comissão
Warren, do legislativo dos EUA, segundo a qual Oswald agiu sozinho na morte
de JFK.
Aí chegamos ao sexto andar e surge o local protegido por vidros blindados, junto a janela, reproduzindo o que teria sido
o cenário de onde foram disparados os tiros mortais, inclusive com a espingarda
de 6,5mm – desconheço se era a original.
Para meu espanto e dos companheiros constato que a distância daquela
janela ao ponto onde passava o carro com a comitiva presidencial era não mais
de cinco metros, diferentemente do que se imagina nas imagens que temos visto
em filmes e na TV. Com um pouco de
treino até eu acertaria o presidente daquela posição, que dirá um experimentado
ex-mariner como Oswad. Faço o registro,
mas não contem comigo pra qualquer empreitada do gênero.
Na verdade, sai do Depósito de Livros com as mesmas
dúvidas de sempre. De positivo, a
constatação de que os americanos enfrentam as feridas de sua história com
maturidade e naturalidade, sem
espetaculosidade, mesmo tentando impor a versão oficial. E aí a comparação com o recente episódio da
exumação de Jango mostra que ainda temos um longo caminho a percorrer.
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