- Estou de
namorada nova e a moça é uma máquina, uma máquina, repetiu.
Ao invés de
celebrar a conquista do velho companheiro de tantas batalhas
etilicogastronômicas, confesso que fiquei com inveja. Ainda bem que ele não
percebeu o meu sentimento perverso, porque logo em seguida desandou a falar em
tom queixoso:
- O problema é
que na hora do bem-bom tenho sido sistematicamente interrompido por telefonemas
de colegas nesta praga que é o celular.
Homem de
responsabilidade na firma em que atua profissionalmente, o parceiro não
resiste, e no terceiro toque já está atendendo o celular, independente do
estágio em que esteja da saliência.
- Sabe como é, pode
ser alguma coisa urgente, justifica ele.
Mas completa,
pesaroso: “O problema é que a retomada é tão mais difícil....”
Aí fiquei com
remorso por causa da inveja anterior. O parceiro estava sendo vítima de uma
nova categoria: Os interruptores, agentes de uma forma de bulling sexual,
também conhecidos como “os empatadores”.
Na real, são
pessoas do bem, mas incluídos na categoria que mais cresce no mundo moderno: os
Sem noção.
- O campeão em
interrupções é o chefe do jurídico, que me liga sempre quando já consegui
engrenar. Acho que como ele não pratica mais agora esta atrapalhando a transa
dos outros.
O ranking dos maiores
interruptores inclui o vice-presidente, o diretor de marketing e meia duzia de colegas do mesmo nível, incluindo aquela moça
mais expansiva também do marketing.
A nova namorada estranha a insistência com que
ele é procurado, mas tem sido pacenciosa mesmo com as interrupções. "Mas até quando?", angustia-se ele.
Foi nessa fase
da conversa que me comovi e assumi uma atitude solidária com o amigo. Deveria
haver uma punição severa para os interruptores. Algo como assistir na primeira
fila ao show de Michel Teló ou participar da Dança dos Famosos com a Suzana
Vieira ou ser obrigado a torcer para o Ibis. Interrupção já, aos interruptores.
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