domingo, 9 de junho de 2013

Felipão e eu




Qual o mérito de entrevistar o Felipão hoje? Campeão do mundo, técnico consagrado, esperança de formação de uma seleção competitiva para a Copa 2014, Luiz Felipe Scolari é atração midiática em qualquer circunstância. Eventualmente até são produzidas matérias diferentes sobre ele, além do feijão com arroz das coletivas. Foi o que apresentou o Esporte Espetacular neste domingo de jogo contra a França. Foi uma bela e bem trabalhada reportagem destacando a trajetória do homem, do jogador e do técnico, com resgate de imagens e depoimentos enriquecedores. Parabéns ao Mariano Batista, mais um dos tantos talentos gaúchos na Globo, que produziu e editou o material.

O que eu queria saber agora é quem prestava atenção no Luiz Felipe, zagueiro tosco do Aimoré no início da década de 70 do século passado. Respondo: euzinho!  Foi assim: o Felipão, que já impunha respeito na zaga do time leopoldense, foi recomendado para fazer testes no Olímpico. Lá estava eu, recém iniciando no jornalismo, fazendo o papel de um esforçado setorista da Zero Hora no Grêmio - ou seria da extinta Folha da Tarde? Nem foi preciso muito tempo de avaliação no coletivo para chegar a conclusão que o gringão não ia ser aprovado no teste, mesmo que o tricolor daquele ano, treinado pelo Daltro Menezes, fosse um time pouco mais do que medíocre. Luiz Felipe era voluntarioso, porém, muito limitado tecnicamente.

Mas acho que me compadeci da situação e decidi entrevistá-lo no vestiário, fazendo aquela pergunta mais banal impossível: Como se sentia?

- Tem muita panelinha aqui, assim fica difícil, mas não me abate, respondeu, mais amargurado do que decepcionado.

A entrevista, a única que fiz com Felipão, rendeu uma nota no final da matéria do treino do dia. Deve estar lá nos arquivos da ZH - ou seria da FT?

E nunca mais nos cruzamos, diferente do Grêmio que foi buscá-lo em Caxias para conquistar o campeonato gaúcho de 1987 como treinador, dispensando-o em seguida. Mas o futebol é feito de ironias e seis anos mais tarde o bi rejeitado Felipão voltou ao Grêmio, levando-o às principais conquistas nos últimos anos: a Copa do Brasil de 1994, a Libertadores de 95, a Recopa e o Brasileiro de 1996, além de dois Gauchão. Na decisão do Mundial Interclubes no Japão perdeu o titulo para o Ajax, da Holanda, nos pênaltis. Só o mítico Osvaldo Rolla, o Foguinho, dirigiu o Grêmio mais vezes que Luiz Felipe: 377 jogos contra 322, dois a mais do que seu mentor Carlos Froner.

Ao fazer esse registro fico imaginando se a carreira de Luiz Felipe não teria sido diferente se tivesse permanecido no Grêmio lá nos idos de 70 do século passado. Pensando bem, acho que não. Na rápida entrevista após o mal sucedido teste já ficava evidente que ali estava um sujeito determinado. O resto da história já é bem conhecido.








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