Sou provavelmente o recordista de entradas e saídas
na RBS. Foram cinco oportunidades e mais de 15 anos atuando no grupo, incluindo
três vezes na Zero Hora, uma vez na Rádio Gaúcha e outra na RBS TV/TVCom. É
importante esclarecer que todas as saídas foram por minha iniciativa, o que me
fez perder generosas parcelas do Fundo de Garantia. Não é arrependimento, mas
um lamento pelo fato de nunca ter sido jubilado, pois o máximo que permaneci
numa das empresas do grupo foram sete
anos, na Rádio Gaúcha, ou seja, faltaram três anos para eu receber o troféu e o
relógio (ainda dão relógios?). Também
tive direito a poucos PPRs (programa de participação nos resultados) e fiquei
de fora do início do RBS Previ, que incorporava ao fundo previdenciário todos
os anos anteriores na empresa. Com isso,
mereceria o título de homem certo, no
lugar certo, na hora errada.
Esse passado me vem a lembrança agora que o grupo
comemora os 50 anos da RBS TV, da minha ultima passagem pela RBS, isso de 1999
a 2002. Volto no tempo e vejo o menino
de 12 anos fascinado com a inauguração de mais uma emissora de TV em Porto
Alegre: a TV Gaucha, Canal 12, que veio
inovar o meio televisivo local dominado até então pela pioneira TV Piratini,
implantada em 1959. As duas emissoras se
instalaram no Morro de Santa Tereza, a menos de um quilômetro uma da
outra. Só que, já a partir do prédio e
das identidades visuais, a TV Gaúcha já estabelecia diferencias em relação à envelhecida
Piratini, atrelada à confusão que era os Diários Emissoras Associados, de Assis
Chateaubriand. Mas foi uma luta bonita
pela audiência, de um lado as modernidades do Canal 12 e do outro a tradição do
Canal 5.
Com o passar dos anos, errando
e acertando, investindo em bons profissionais, em conteúdos que reforçassem os
valores regionais e, sobretudo, com a afiliação à Rede Globo, que começava a
tomar conta do Brasil no inicio dos anos 70 do século passado, a TV Gaúcha/RBS
TV assumiu a liderança inconteste entre os gaúchos. Já a Piratini foi definhando junto com os
Associados e teve a concessão cassada e entregue a Silvio Santos – hoje é o SBT
de Porto Alegre, enquanto as instalações acabaram ocupadas pela minha amada
TVE.
Houve ainda um período de liderança da TV Difusora, Canal
10 , no início da década de 70, quando estava associada à Record de Paulo
Machado de Carvalho e ousou bancar a primeira transmissão a cores, na Festa da
Uva de 1972. O investimento malogrado
dos padres Capuchinhos, que tinham a concessão, na TV Rio e na TV Record levou
a Difusora quase a insolvência até ser negociada à Rede Bandeirantes. Trabalhei
nesse época lá nas instalações da Delfino Riet, no Partenon, e acompanhei o esforço dos padres e dos operadores da TV ,
Walmor Bergesch e Salimem Junior, para manter os salários em dia.Certa vez, frei Osébio Borghetti,um dos cabeças dos religiosos, pediu ao locutor Flávio Martins que lesse uma mensagem na Rádio Difusora pedindo o retorno de outro dirigente da ordem, que viajava pelo interior, e sem a assinatura do qual o pagamento não sairia. Flávio, devidamente motivado pelos companheiros, leu a mensagem em tom dramático, durante o programa de esportes do meio dia : “...por favor, retorne o quanto antes a Porto Alegre.” O tom era tão dramático que depois da segunda irradiação, a nota já foi retirada. O certo é que no dia seguinte o pagamento foi honrado e essa historinha entra no texto como Pilatos no Credo...
Citei Walmor Bergesch e Salimem Junior porque è aos
pioneiros da TV no Rio Grande do Sul,
dos tempos heroicos de poucos recursos técnicos e muita determinação,
período e nomes que o próprio
Bergesch tão bem registra no livro Os
Televisionários, que rendo minha humilde homenagem agora que a mais antiga das
nossas emissoras em operação completa seu cinquentenário. E vai também meu reconhecimento, igual que
fui, aos profissionais que fazem o dia a dia da RBS TV. Eu sei o que custa se renovar todos os dias,
por isso festejo os inúmeros amigos que fiz nas minhas andanças televisivas. A
festa mesmo é quando a gente se vê por aí.
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