sábado, 17 de novembro de 2012

No tempo do P& B


Não lembro se meu bom e competente amigo Márcio Pinheiro produziu algum texto para sua coluna e ZH Dominical (Jogo da Memória) sobre a série de tv inglesa O Prisioneiro. Antes de mais nada, deixem que  lhes diga que eu era fascinado pelas séries  da década de 60, na adolescência da TV no Brasil e,claro, ainda em P&;B. 

Diferente de hoje, quando a maioria das séries são comediazinhas de costumes, confinadas nos canais a cabo e com aquelas claques de risadas, nos anos 60 do século passado as produções primavam por roteiros mais instigantes, exigidos por séries como Os Intocáveis ( que virou filme de sucesso de Brian de Palma com Kevin Costner e Sean Conery ), O Fugitivo (que também virou filme,com Harrison Ford no papel do fujão dr.Richard Kimble),  Além da Imaginação (retratando um mundo paralelo, um clássico  que sobrevive até hoje na TV americana)   e Bonanza ( um faroeste que foi a primeira serie rodada a cores).

Eram todas produções americanas, dubladas e com trilhas musicais bem características que, mesmo hoje, saberia identificar com facilidade. O Márcio me perdoará se cometi algum equívoco, mas sei que ele vai concordar comigo que a série mais diferenciada daquela fase, cult diríamos, era a já citada O Prisioneiro,  cujo remake vem sendo anunciado pelos ingleses, com Jim Caviezel no papel título.

Para quem não teve o privilégio de assistir a serie original, aí vai um remember, direto do Google: “Considerado o Franz Kafka das séries de televisão, Patrick McGoohan criou, em parceria com George Markstein, um universo próprio, sombrio, repleto de dúvidas e inseguranças, tal qual o período sócio-político e econômico no qual a série foi concebida e exibida. Um agente  (interpretado por Patrick McGoohan) pede demissão de seu cargo para logo depois acordar em uma ilha, conhecida como Vila, onde uma nova sociedade o aguardava. Sua casa foi reproduzida em todos os detalhes, mas, da porta para fora, não era Londres que ele via, e, sim, uma espécie de resort para onde, supostamente, agentes do mundo inteiro, aposentados ou afastados, eram levados. Cada um respondia a um número. Nosso agente passou a ser conhecido como Número 6, tendo o Número 2 como uma espécie de governador do local. O Número 2 queria saber os motivos pelos quais o Número 6 tinha pedido demissão, resposta que nem ele e nem o público, conseguiu. Cada episódio era carregado de duplo sentido e metáforas. A série se transformou em matéria de Semiótica em faculdades dos EUA e Inglaterra. Até hoje é possível assistir e descobrir novos elementos, visto que o tempo fez com que símbolos e signos apresentados na série pudessem ter uma nova interpretação”
Na verdade, O Prisioneiro refletia muito daquele período, o auge da guerra fria, e é uma dessas produções, considerada à frente de seu tempo. Arriscaria incluir nessa relação as modernas Twin Peaks. de David Linch, e mesmo Lost, de J.J.Abrams, todas tendo em comum bons roteiros, bons diretores e uma história centrada em um grande mistério.

Em O Prisioneiro, uma enorme bola zelava para que os exilados na ilha não fugissem e esse elemento dramático se prestava a mil interpretações, assim como uma cena que ficou marcada como uma das mais representativas da polêmica série. Foi assim: o Numero 2 apresentou ao Numero 6 uma máquina fantástica, que poderia responder a todas as perguntas da humanidade (olha o  bisavô do Google aí) e desafia o Número 6 a fazer uma pergunta à geringonça cheia de luzes piscantes. O Número 6 encaminha a pergunta e em seguida a maquina começa a se autodestruir, até explodir de vez. Em pânico, o Número 2 questiona:

- Qual foi a pergunta?

- Por que? responde o Numero 6  e vira as costas para o interlocutor, enquanto sobem os créditos e surge a característica musical da série.


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