Tenho um certo fascínio por essas galerias de fotos de ex-presidentes e outros ex que adornam as mais nobres paredes das repartições públicas e até de algumas instituições privadas. Ao conferir as fotos mais antigas, daqueles senhores com vastos bigodes, cavanhaques bem cuidados e cabelos engomados, fico a imaginar o que fizeram para estar ali, dividindo espaços com outros senhores de olhar circunspectos. Que desafios enfrentaram, que legado deixaram, como se moviam naqueles tempos menos agitados? Quanto mais volto no tempo, mais minha imaginação se atiça. Deve existir alguma explicação para essa nostalgia do que não vivi.
A verdade é que essas galerias são uma tentativa de perpetuar determinado período, mesmo que o homenageado não tenha reunido tantos méritos assim. É o que me ocorre, com uma pontinha de incerteza , quando recordo que este humilde blogueiro também figura, impávido e de fatiota, na galeria de ex-presidentes da TVE. Alguma contribuição devo ter dado para figurar naquela parede, ao lado de luminares da comunicação.
Ao mesmo tempo, a imaginação se liberta e passo a pensar que tributos devem ser materializados para outras categorias de ex: ex-chefes, ex-amigos, ex-colegas, ex-amores. Como expressar o que representaram nas nossas vidas, que espaço poderiam merecer tais personagens, que critérios adotar para revelar a justa dimensão de cada um, se decidíssemos montar galerias para todas ou algumas categorias. Mas como é só um exercício de imaginação, numa fase de tédio criativo, fiquei em dúvida se vale a pena revolver o passado. Vamos que nesse processo surjam fantasmas que já estavam sepultados, tipo ex-chefes tiranos, ex-amigos que não corresponderam, ex-colegas puxadores de tapetes e ex-amores insinceros. Pensando bem, é melhor deixar pra lá.
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