domingo, 9 de janeiro de 2011

Um abutre na nossa história - parte 1



O brasão dos Dutra
Instalou-se um frisson entre os Dutra a partir da descoberta na Wikiedia de informações sobre a origem do sobrenome. O Luiz Vicente, irmão mais velho, sempre teve obsessão em descobrir quem somos e de onde viemos. Tanto assim que já visitou varias vezes Morano Calabro, a pequena cidade italiana que forneceu a maior leva de imigrantes italianos do Rio Grande do Sul, originários da Calábria, entre eles nossa avó por parte de mãe.


Incansável na sua busca esteve também em Bruges, antiga capital belga, onde nossos ancestrais eram nobres com direito a castelo, terras, criadagem e tudo o mais. Há registros dando conta que os Van Der Hurtere eram governadores e senhores da terra de Wynendael, aldeia da Flandres Ocidental (Franc-de Bruges), o que não era pouca coisa para a época. Em Wynendael, terra originária dos Huertere, Luiz Vicente captou imagens e informações, inclusive do histórico castelo onde o Rei Leopoldo III capitulou no dia 26 de maio de 1940, frente à invasão alemã. A questão até hoje toca a alma dos belgas, uns aceitando a capitulação como inevitável e outros considerando como um ato de covardia daquele monarca.

Pesquisou também o brasão da família, que é encimado por um abutre. Tal ave, como se sabe, é tida como de mau agouro, mas diferente do que os nossos detratores podem imaginar, para os descendentes dos Hurtere originais o abutre tem um nobre significado, primeiro porque é da família das águias e dos falcões, sendo considerada no velho continente como uma ave fidalga, vejam só. Também na heráldica a representação do abutre tem um nobre significado. Significa compaixão porque a ave de rapina, para preservar os filhotes dos predadores, não podendo sair de perto deles, utiliza seu próprio sangue para alimentá-los durante um período após o nascimento.

Essa lado, digamos, família do abutre teria sido observado e transmitido pelos egípcios na antiguidade, o que confere um charme adicional à explicação. Ainda assim, confesso que me incomoda um pouco ser representado heraldicamente por um abutre, devido a má fama que essa ave goza no em nossos país, mesmo que a cor azul que domina o brasão, segundo os estudiosos do assunto, represente justiça, elogio, formosura, doçura e nobreza. Pensando bem, pode ser...

O ramo ao qual pertenço se orgulhava muito das origens flamengas e suas manifestações de nobreza, mas agora a auto-estima ficou abalada com a informação de que, na verdade, temos um pé e algo mais em Portugal, a partir da migração dos Huerteres para a ilha do Faial, na província ultramarina dos Açores. A verdade é que fizeram história também em Portugal, conforme registros históricos. Consta que um tal de Joss ven der Huerter povoou as ilhas do Faial e Pico, no século XV. Nos Açores, os Huerteres receberam outras denominações, como a forma aglutinada de De Ultra (D’Ultra), adaptação do holandês (flamengo) Van Hurtere, ou ainda Ultra e Dultra. Daí ao Brasil foi um pulo.

(continua)

11 comentários:

  1. Olá!

    Parabéns pelo texto!

    Várias informações que não conhecia sobre a família. Obrigada!

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  2. Denise Dutra Gazzana23 de abril de 2012 às 19:38

    Olá!
    Texto muito bom, com informações interessantes sobre a origem da família.
    Obrigada,

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  3. Olá Flávio,

    Gostei muito da pesquisa sobre a origem de nossa família Dutra.
    Meu nome é Djalro Dutra, sou do Ceará, milito na advocacia há mais de 30 anos.
    Tenho muito orgulho de nossa família, os Dutra que conheço têm um perfil condizente com o retratado no seu relato.
    Um grande abraço.
    Djalro Dutra

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  4. Csro Djalro,
    Benvindo ao ViaDutra. No Facebook há um perfil DUTRAS onde poderás acompanhar mais de perto o ramo que se estabeleceu no Rio Grande.
    Vai um abraço
    Flávio

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  5. Gostei de conhecer um pouco da história da família DUTRA. Sou um privilegiado em fazer parte desta família. Sou Maurinho Braz Dutra, goiano, mais precisamente de Corumbá de Goiás,GO,

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  6. Gostei do testo! Sou do Rio de Janeiro mas sei que meus avós, que me passaram esse nome são migrantes do Espírito Santos.
    Até que o lance do Abutre acabou sendo interessante, quando ele alimenta seus filhotes com seu próprio sangue. Acho que meus pais ralaram muito pra nos criar
    (tenho dois irmãos) e eu também arranco minha pele pelos meus filhos se for preciso! Quero saber mais!

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