segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Livros à mancheia

*Publicado nesta data em coletiva.net

Uma boa noticia nestes tempos pandêmicos é que em 2021 as vendas de livros cresceram quase 30%, em volume e faturamento, frente ao ano anterior. Foram comercializados 55 milhões de livros, que geraram uma receita de R$ 2,28 bilhões. O levantamento da  Nielsen BookScan não revela as causas desse incremento, mas arrisco dizer que os números favoráveis de agora são legado do período  de maior confinamento, quando havia disponibilidade de tempo e a leitura era um refúgio para enfrentar o “fique em casa”. Daí que o hábito da leitura se impôs e resultou em procura de mais e mais títulos no ano seguinte ao do começo da crise sanitária.

A Feira do Livro de Porto Alegre foi outra amostra do crescimento pela procura de livros em 2021, registrando um aumento de 15% no ano passado em relação a ultima edição presencial do evento em 2019. E isso ocorreu apesar do encolhimento físico da Feira, com redução de 88 para 56 no numero de expositores.

No levantamento nacional chama a atenção que os livros de autoajuda e religiosos, junto com os de ficção, cresceram acima da média em relação aos demais segmentos. Plenamente justificável essa busca de conforto espiritual diante da ameaça global da Covid-19.

Podem ser explicações simplórias, sem qualquer comprovação, mas é o que me ocorre na falta de estudos mais aprofundados.  Na verdade, o que importa é que a leitura enfrentou a concorrência da TV, dos streamings, dos games e, sobretudo, das redes sociais, garantiu seu espaço na atenção dos brasileiros e, ainda, ampliou esse interesse pelo que mostram os números. Vale destacar que nossa atenção é um ativo poderoso nestes tempos de dispersão e excesso de ofertas.

Quem, como eu, tem pretensões no mercado livreiro, mesmo que modestas,  deve saudar com entusiasmo a tendência de ler mais, rogando com fervor para que se mantenha e  fazer jus ao que apregoava o poeta Castro Alves, “Bendito o que semeia livros/livros à mancheia/ e manda o povo pensar!”

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