* Vagamente inspirado na vida real.
Ao chegarem na casa de Alexia, após a carona
sugerida por ela, foram surpreendidos com a presença do seu Monteiro e do
motorista-segurança, que atendia pelo
nome Carlão. Mecenas suburbano da família, especialmente da mamis Suellen, o
bicheiro decadente questionou o
professor, enquanto mostrava uma arma na cintura e esperava a aproximação de Carlão, com seu olhar faiscante e
corpanzil de armário.
- Cidadão, quais são suas intenções com a Su e a
menina?
A primeira coisa que veio à mente de Adalbertinho
foi correr para o carro e sair em disparada dali, mas estaqueou e só conseguiu dizer.
- Eu posso explicar, eu posso explicar!
A voz saiu mais firme do que o medo que estava
sentindo permitiria. Com isso ficou animado e fortalecido para fazer frente à dupla ameaçadora.
- Olha aqui, sou amigo da Alexia, lá do supermercado
onde faço minhas compras, e só frequentei a casa à convite
da dona Suellen,- fez questão de
realçar um dona respeitoso.
- A Su convidou? Como assim?
O diálogo que se seguiu contrapôs o desconfiado e
ameaçador Armando a um seguro e
convincente professor. “Nada como a
experiência de enfrentar os marmanjos das escolas públicas para uma
situação como essa”, reconheceu o mestre
em pensamento, mas pisando em ovos no enfrentamento.
- Cidadão,
estamos de olho, muito respeito por aqui,- Armando encerrou a conversa e,
maneando a cabeça, convocou Carlão para partirem.
- Puxa não sabia que o senhor era tão corajoso. Todo
o mundo aqui tem medo do seu Armando e do tal Carlão,- comemorou Alexia.
Ponto para o Adalbertinho.
Ele não aceitou, entretanto, o convite de
Alexia para entrarem na casa, onde
seria servido um café. Tinha lá seus
motivos: a lembrança do café da mamis
era de um liquido fraco e morno e, mais importante ainda, não queria provocar o
seu Armando em mais uma visita naquele que o bicheiro considerava seu domínio exclusivo.
Mais aliviado depois do embate na frente da casa, apenas combinou que
encontraria a moça no dia seguinte,
no supermercado.
- A mamis disse que queria tanto que o senhor nos
visitasse de novo,- relevou a garota na visita dele, enquanto mostrava suas
habilidades manuais como empacotadora.
- De novo nisso dai?,- interpelou o professor.
- Se o senhor
me der uma carona eu conto o quê que houve,- sugeriu ela e desta vez
pareceu oferecida.
(continua)
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