Na coluna da semana passada confessei minha ignorância quanto a
relação da palavra toco com a prática,
que já foi bastante disseminada no meio
jornalístico, de presentear repórteres e editores com mimos ou mesmo algum por fora em dinheiro. Continuo sem ter resposta a
esse grave enigma que, aliás, é exclusivo da imprensa gaudéria. A denominação,
não a prática, porque lá fora atende por outros nomes, como jabá ou jabaculê.
A outra
indagação na mesma coluna foi sobre a relação do termo Pauta 500 com
aquela pauta obrigatória que é de interesse da empresa e vai merecer tratamento
especial na edição. O professor Flávio
Porcello, meu bom amigo e parceiro de
outras jornadas, lançou luzes sobre a
dúvida: o 500 era o ramal - de um andar superior - em importante empresa jornalística da capital
de todos os gaúchos, de onde partiam os
pedidos de Pauta 500. Ele mesmo foi premiado com ligações do referido ramal.
A
verdade é que o termo se espalhou, tanto assim que sou testemunha de observar o número 500, de
bom tamanho e escrito com caneta verde, no papel das pautas de repórteres da empresa
concorrente. Os profissionais torciam o nariz para a imposição, mas não escapavam da versão jornalística do ” manda quem pode,
obedece quem tem juízo”.
Sobre
o Toco, lembro o que ocorria numa emissora de rádio, das tantas em que
trabalhei, em que o programa do meio da tarde ganhou da equipe o apelido de
Hora da Serraria tal a quantidade de recados,
elogios, congratulações no ar, que
resultariam em tocos mais tarde para o apresentador.
Como estou fora do mercado não tenho elementos para avaliar o atual estágio nos meios de
comunicação do Toco e da Pauta 500. Nem
vou me investir de corregedor da mídia. Já tem gente de montão, à esquerda e à
direita, fazendo isso. O que me preocupa
mesmo é os efeitos daquele outro termo
dos bastidores do jornalismo, o
passaralho, que tem sobrevoado redações
em todo o país, decepando profissionais qualificados, encolhendo o mercado de trabalho e fragilizando o papel da mídia como expressão
da sociedade. Não há Pauta 500 que salve dessa verdadeira epidemia. Xô,
passaralho.
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