terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

"É a Comunicação, seu idiota"


* Publicado nesta data em Coletiva.net

Domingos atrás, no Manhattan Connection,o ex-presidente  Fernando Henrique  Cardoso foi absolutamente didático ao explicar o que o  governo Bolsonaro deveria  fazer para conseguir a aprovação das reformas, especialmente a da Previdência: Comunicação! Comunicação para ganhar o apoio da sociedade antes dos votos  do legislativo, ensinou. E, num raro momento de humildade em se tratando de FHC, revelou que, como pouco  entendia de Economia, seu principal papel como ministro da  Fazenda, quando da  implantação do Plano Real, foi fazer a comunicação das mudanças. Bingo!

Jair Bolsonaro precisaria se inspirar na lição de FHC se quiser levar adiante seu projeto de reformas e os avanços prometidos. Entretanto, o que diferenciou o candidato Bolsonaro dos outros concorrentes na eleição – uma comunicação pontual, curta e direta, que se mostrou extremamente eficaz-  parece faltar ao presidente Bolsonaro. E o que se observa  agora é um bate-cabeça preocupante, denúncias pipocando aqui e ali, idas e vindas, a Damares, o Queiroz, o Bebianno,a intromissão dos  filhos, um excesso de porta-vozes além do general (mais um!) Otávio do Rêgo Barros  e nenhuma politica de Comunicação, a não ser  que acabar com a Bonificação por  Volume,  o BV da Publicidade, e fustigar a Rede Globo sejam os focos dessa a política.

Diferente da  campanha eleitoral, não dá para fazer comunicação governamental só na base das redes sociais, como um Trump tupiniquim. Isso até  pode  funcionar como aviso de pauta e ter reverberação,  mas  o processo vai precisar  da mídia tradicional, dialogar com seus profissionais,  para chegar à sociedade como um todo e assim buscar cotas de boa vontade  e adesões.

Além disso, o próprio presidente deve evitar a  repetição de um erro básico quando energiza  uma fragilizada oposição, respondendo pessoalmente, ou por seus seguidores próximos, às provocações petistas.É tudo que a Gleise e sua turma querem para fomentar um terceiro turno. Sem contar que a  cada  dia amplia  o leque de adversários, disparando contra pesos pesados como a CNBB e o presidente da OAB. Mais desgastes, menos apoios de segmentos importantes.

Governar é  cumprir uma maratona e Bolsonaro ainda nem correu os 100 metros rasos. Ou seja, dá  para  recuperar o tempo perdido, mas  esse processo deve começar logo, antes que o capital de confiança e  esperança conquistado nas urnas, com mais de 57 milhões de votos, se dilua a cada episódio polêmico.
Parafraseando um mote da  campanha de Bill Clinton em 1992 contra Bush pai (“É  a economia, seu idiota!”) e nada a  ver com recente e desastrada manifestação do Faustão (“o idiota que está lá”), vale transformar em mantra bolsonariano o recado: “É a Comunicação, seu idiota!”.



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