sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Chama o Papa


* Publicado em Zero Hora em 10/12/2018

A violência dos vândalos do River contra o ônibus  do Boca, que resultaram no adiamento  da decisão da Copa Libertadores, preocupou mais os dirigentes da Conmebol pela presença do presidente da Fifa no  estádio do que pelos prejuízos causados a uma das equipes ou porque era mais  um vexame envolvendo a  instituição que dirige o futebol sul-americano. Gianni Infantino, o homem da FIFA, até pela posição  que ocupa, certamente deve saber que os hermanos são desordeiros  contumazes e mega reincidentes em confusões dentro e fora do campo.

Só para recordar, uma dos maiores vergonhas ocorreu na Copa de 1966, no jogo entre Inglaterra e Argentina. O capitão argentino, Antonio Rattin se descontrolou, discutiu com o juiz, acabou expulso, mas demorou quase 20 minutos para deixar o campo e ao sair, cometeu a descortesia de amassar uma bandeirola inglesa. Foi saudado com vaias estrepitosas e gritos de “animais, animais”.

O histórico de violência dos argentinos contra  os europeus  marcou o mundial de clubes, especialmente na década de 70, quando o título era decidido em jogos lá e cá entre os campeões continentais.  Naquela década, dos dez torneios em sete os campeões europeus  se recusaram a jogar na América do Sul  ou não houve  competição pelo mesmo motivo.

Vale lembrar ainda, entre outras ocorrências, a Batalha de La Plata , o jogo Estudiantes  x Grêmio em 1983, que colocou em risco a vida dos representantes brasileiros. E, mais recentemente, pela  Libertadores de 2015, foi a torcida do Boca que lançou spray de pimenta contra os  jogadores do River no intervalo  da  partida. O Boca acabou punido com a desclassificação. O episódio do último sábado seria o revide pela agressão de 2015, só que a Conmebol perdeu toda a autoridade para agir com o rigor necessário e por fim a essa bagunça que privilegia o extra  campo  em detrimento do futebol.

Se me permitem a sugestão, acho que está na hora de o papa Francisco, argentino e aficionado torcedor  do San Lorenzo, entrar em campo e rogar pela pacificação das hinchadas do vizinho país e por ações confiáveis, disciplinares  e competentes dos diretivos. Se nem isso resolver, lamentavelmente acabará de vez aquela derradeira possibilidade de solução: a de  se queixar pro Papa. Aí será a vitória definitiva da barbárie.

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