No livro do Êxodo encontra-se uma das mais dramáticas histórias
relatadas pelo Antigo Testamento: as 10 pragas do Egito. Existem divergências quanto a data, mas foi
mais de um século antes de Cristo quando o deus de Israel escolheu Moisés para
liderar a saída do povo hebreu do Egito,
onde era escravizado. O Faraó da época (Ramsés?), como todo poderoso
autoritário e insensível, negou os pedidos de Moisés para que deixasse o povo
partir. Diante disso, o Senhor enviou dez sinais, dez pragas que assolaram o
Egito, um recado para mostrar ao Faraó quem era mais poderoso.
As pragas começaram com todas as águas do Egito convertidas em sangue;
em seguida surgiram rãs em todos os lugares; depois vieram infestações de mosquitos
e moscas; na sequencia, os animais ficaram pesteados e as cinzas se
transformaram em ulceras nas pessoas e animais; a sétima praga foi uma chuva de
pedras e a oitava uma nuvem de gafanhotos que dizimou as colheitas; por fim
fez-se escuridão no Egito e, derradeira crueldade divina, todos os primogênitos
do país, inclusive de animais e do próprio faraó foram sacrificados. É o que dá
brincar com o poder que emana dos céus, embora o perverso efeito das pragas
contrarie o conceito, modernamente aceito, de um Deus acima de tudo misericordioso.
Mas aí já é outra história.
Como é outra história também o épico
bíblico Êxodo: Deuses e Reis, filme dirigido por Ridley Scott, que
mostra a chegada das pragas ao Egito e o momento que o Mar Vermelho se abre
para Moisés, interpretado por Christian Bale, num papel que fora imortalizado por Charlton Heston em Os 10 Mandamentos, de Cecil B DeMille, rodado em 1956.
Resgates bíblico e
cinematográfico a parte, me ocorreu que uma nação que conheço pode estar sendo
vítima de flagelos modernos, 10 pragas que são a resposta das divindades à
praga maior, a Rainha Corrupção, que reina soberana no tal país como um faraó
da antiguidade, corroendo os valores da população.
Há quem entenda que as pragas
que assolam o povo do país amigo começaram a evoluir cerca de 12 anos atrás,
quando assumiu o poder um grupo de servos que ascendeu socialmente. Houve grande euforia com a nova ordem,
euforia que se transformou em frustração com o fortalecimento da Rainha
Corrupção e o advento das pragas, uma a uma, a atormentar o populacho, como se
fosse um castigo por terem aderido aos novos poderosos.
Então, começou a faltar
energia e luz nas casas, nos espaços públicos e empresas (praga 1); depois escassearam as águas nos mananciais
das grandes cidades (praga 2); e, como nunca antes, o pais foi assolado por grandes
temporais (praga 3), que provocaram inundações,
prejuízos materiais e vitimas (praga 4);
proliferaram doenças que deviam estar erradicadas como a Dengue (praga 5); a violência urbana recrudesceu (praga 6),
devido em grande parte à disseminação das drogas que criaram as chamadas
Cracolândias (praga 7) em praticamente todas as cidades; a poluição ambiental
passou a ser uma séria ameaça no campo e na cidade (praga 8) e a desordem da economia
(praga 9) acabou sacrificando ainda mais a população. Por fim, supremo castigo: o futebol, paixão nacional,
foi humilhado em competição mundial, sofrendo impensável goleada para nação de outro
continente (praga 10).
Em alguns casos a analogia
entre as pragas egípcias e os flagelos modernos é inevitável, como se a
história se repetisse em forma de tragédia e farsa, lembram Marx? As pragas
envolvendo águas, por exemplo; as trevas egípcias e os apagões no país amigo; a
chuva de pedras e os temporais atuais, com chuvas de granizo e muitos raios. Bem, chega de abrir essa versão moderna da Caixa de Pandora, até porque o coitado do
povo, diferente dos hebreus confinados
no Egito, não tem para onde escapar.
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