É também uma questão que permite o exercício do viés que definiríamos como moralista, primo-irmão do politicamente correto, de parte dos chamados formadores de opinião. O argumento é simples: se é o povo que paga o funcionalismo, através dos impostos arrecadados pelo poder público, é legal e moralmente justificável abrir os valores salariais para aqueles que, em última – ou seria em primeira? – análise são os patrões desse pessoal todo.
Tudo certo, até porque virou lei e lei é para ser cumprida.
Mas tem uma coisa nesse processo que me deixa
apoquentado, descrente novamente na grandeza do gênero humano. É a sanha
para descobrir quanto os colegas ganham e, se for alguns tostões a mais,
destilar todo o ódio contra o agora desafeto. Esse é o efeito mais nefasto da
divulgação pela imprensa dos salários dos funcionários púbicos, sem contar as
repercussões familiares na casa daqueles que precisam esconder seus ganhos da
patroa, sei lá por quais razões. Sei de
repartições que quase pararam nos últimos dias por causa do ti-ti-ti dos
salários.
E tem ainda essa caça às bruxas, verdadeira cruzada ensandecida, aos que não fazem jus aos
salários que recebem, como o caso dessa senhora da Assembleia Legislativa, um
evidente caso de inocente útil. Quero
ver ser ousado na denúncia contra membro do judiciário que ganha mais de R$ 100
mil ou muito mais. Isso, sim, é um escândalo! O ViaDutra ia espichar esse assunto,mas vai ficar por aqui, fazendo a indagação que não quer calar: a quem interessa demonizar o servidor e o serviço público?
Nenhum comentário:
Postar um comentário