terça-feira, 17 de maio de 2011

A Casa das Estrelas

* Recomenda-se ler a postagem No Reino da Fantasia, de 26/04/2011

A Casa é o que sou

Sem ela nada seria

Não fui eu quem sonhou

A Casa só existia

“Quando eu tinha mais ou menos quatro anos, eu “criei” Casa das Estrelas. Só quem tinha acesso a tal lugar era eu e meu pai. Eu costumava dizer aos meus irmãos, primos e amigos deles que os levaria lá, eles - sabendo que a Casa não passava de um fruto de minha fértil imaginação -, acompanhavam-me sempre pelos caminhos malucos que eu inventava. Eram horas de ginástica, que incluíam abaixa-levantas, rodadinhas e pulinhos e engraçados. Tudo, é claro, estava no mapa, ao qual eu e meu pai éramos os únicos que tínhamos acesso.


Incrivelmente sempre que eu me propunha a levar pessoas estranhas para lá, acabava perdendo-me no meio do caminho. A minha explicação era a única plausível: a Casa, que naturalmente, tinha vontade própria – não os queria lá.


E a Casa das Estrelas possuía moradores também: o Gleds, o Bleds – que eram gêmeos – e o Gledson – que era o irmão caçula. Não lembro da existência de nenhuma mulher na Casa.


Eu realmente não tinha muitos(as) amigos(as) aos quatro anos. Inclusive porque eu odiava a maioria das pessoas que se interpunham em meu caminho. Eles realmente eram muito chatos em comparação aos moradores da Casa das Estrelas, que sempre tinham alguma novidade ou algum fato intrigante, que eu me encarregava de narrar às pessoas que não tinham acesso à Casa.


Existiam várias filiais da Casa das Estrelas – não me lembro bem se eram nove, 11 ou 13, mas sempre gostei de números ímpares...-, algumas inclusive eram habitadas por fantasmas.


E cada filial tinha sua peculiridade. Não me lembro de nenhuma em especial, fora a dos fantasmas, fora a dos fantasmas. E em uma casa eu ia quando estava feliz, em outra quando tinha medo e em outra quando estava triste...Era ali o meu refúgio. Ninguém podia me incomodar ou ter acesso aos meus problemas enquanto eu estivesse l´.


E esse livro é uma busca de mim, da guriazinha que ficou esquecida em algum dos cantos da Casa das Estrelas. Porque hoje eu não tenho mais tempo para fugir, embora não me falte vontade. (...)


Algumas partes de mim ficaram por lá. Quando eu encontrar e entender o mapa, volto para buscá-las!"


A Casa das Estrelas esta lá

Pouco além do que espero

Fica lá a me esperar

Guardando as coisas que quero

** Do livro A Casa das Estrelas, inédito, de Mariana Dutra, ora exilada em Buenos Aires, buscando um caminho que e leve de volta às estrelas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário