*Publicado nesta data em Coletiva.net
A pauta dominante da
próxima campanha eleitoral vai ser a Segurança Pública. Recente levantamento
indica que das 25 cidades mais perigosas de todo o mundo pelo menos seis são
brasileiras. Começa, é claro, pelo Rio de Janeiro na sétima posição, com
Fortaleza em nono, Salvador em décimo, Recife na posição 13, Porto Alegre na 23
(olha nós aí) e São Paulo na 25. Nada a
comemorar.
Nas pesquisas de opinião
a insegurança nossa de cada dia tem
aparecido com frequência entre as maiores preocupações dos cidadãos, senão a
maior. O alerta aparece com mais força, sobretudo, nos períodos eleitorais. Em
nível nacional, vai rivalizar certamente com as fraudes contra os aposentados,
mas essa é outra história escabrosa.
Enquanto isso, o governo
federal não consegue adesão da maioria dos governadores à PEC da Segurança Pública,
já apelidado de SUS da Segurança Pública pelo ministro da Justiça, Ricardo
Lewandowski, o que, convenhamos, não é uma comparação muito positiva, se
levarmos em conta todos os problemas do SUS original, o da Saúde.
Enquanto isso, os
governadores contrários às propostas da PEC temem a intervenção federal nas suas
polícias militares. A não adesão dos estados, dificulta, sobremaneira, a
integração entre as forças de segurança e o acesso a uma ferramenta fundamental
para o combate ao crime: um banco de
dados nacional unificado que identifique a bandidagem em todos os níveis.
Enquanto isso, as facções
criminosas mandam nos presídios e dominam vastos territórios fora deles e o
caso do Rio não é o único exemplo. Além disso, tem representantes infiltrados nos
executivos, nos legislativos e até no judiciário, sem contar a profusão de
policiais envolvidos em grandes e pequenas contravenções.
Enquanto isso, o ministro
Lewandowski reclama do corte de R$ 500 milhões no orçamento da sua pasta,
atingindo especialmente o Fundo Nacional de Segurança Pública. A “penúria total”, segundo ele, vai limitar o
financiamento dos projetos nesse setor, tão necessários no momento. A
bandidagem aplaude.
São tantos os desafios
pela frente e a tarefa tão gigantesca que exige a participação de todos os
poderes. Assim, os legisladores deveriam se preocupar mais com a Segurança Pública
e menos com a liberação das suas emendas; os magistrados e o ministério público
menos com ganhos extras e mais com o rigor no cumprimento das leis; o governo
Lula menos com os conflitos no exterior e mais no enfrentamento à verdadeira
guerra civil da insegurança no nosso dia a dia.
Um bom começo é acabar
com a impunidade e a leniência com os grandes meliantes, os do poder público e
os do privado, além de dar fim ou reduzir o prende-solta nos escalões mais baixos,
o que contribui para a reincidência, a insegurança e a violência nas ruas.
Só não dá para esperar
até a próxima eleição ou que os novos governantes tomem posse para agir de fato
e com firmeza contra a criminalidade. Ou então o poder paralelo dos PCCs e
afins vai, afinal, se sobrepor de fato aos poderes constituídos.
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