* Publicado nesta data em Coletiva.net
Outro dia assisti a um vídeo no Tik Tok em que um sujeito discorria animadamente sobre as vantagens da geração de 35 anos em diante, segundo ele a galera mais felizarda (ele usou um palavrão que também começa com f) que já existiu. “Somos velhos e modernos ao mesmo tempo”, apregoou. E saiu a comprovar o que afirmava, sempre no plural:
- nós usamos ficha telefônica, cartão telefônico e chegamos a era do celular;
- nos formamos em datilografia e sabemos mexer em computadores e smartphones;
- somos do tempo em que uma linha telefônica valia o preço de uma casa e hoje ninguém mais tem telefone fixo em casa;
- alugávamos fita em VHS em locadoras dois anos depois dos filmes serem lançados e agora em um mês o filme já está no streaming;
- gravávamos em fita cassete as músicas que gostávamos e hoje temos o spotify a um clique nosso;
“Somos f....Nós somos uma edição limitada, nos valorizem”, conclui o entusiasta do Tik Tok.
Olha, não é bem assim e posso dizer, do alto dos meus 7.5, que tenho lugar de fala neste caso. Sinceramente, não vejo grandes vantagens nessas modernidades, a não ser para passar vergonha e pagar mico por inaptidão sobre o funcionamento da maioria das soluções oferecidas. Quando constato que minha neta de seis anos domina o celular com muito mais agilidade do que eu; quando tento usar as múltiplas funções do relógio tecnológico que ganhei de aniversário e só consigo conferir as horas; quando o computador do carro, no meu caso só serve para sintonizar as rádios - para usar três de muitos exemplos - tenho sérias dúvidas se sou um felizardo na transição do analógico para o digital. Na realidade, virei apenas um nomofóbico, ou celular dependente, e assim mesmo sem usar todo o potencial do telemóvel.
Pra ser sincero novamente, trocaria todas essas modernidades tecnológicas por fichas telefônicas, máquina de escrever, telefone de disco, filme em VHS e fita cassete se isso representasse também uma redução de idade para 35 e menos.
*Valeu Caldana
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