segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A felizarda geração dos 35 em diante #sqn

* Publicado nesta data em Coletiva.net

Outro dia assisti a um vídeo no Tik Tok  em que um sujeito discorria animadamente sobre as vantagens da geração de 35 anos em diante, segundo ele a galera mais felizarda (ele usou um palavrão que também começa com f) que já existiu. “Somos velhos  e modernos ao mesmo tempo”, apregoou. E saiu a comprovar o que afirmava, sempre no plural:

- nós usamos ficha telefônica, cartão telefônico e chegamos a era do celular;

- nos formamos em datilografia e sabemos mexer em computadores e  smartphones;

-  somos do tempo em que uma linha telefônica valia o preço de uma casa e hoje ninguém mais tem telefone fixo em casa;

- alugávamos fita em VHS em locadoras dois anos depois dos filmes serem lançados e agora em um mês o filme já está no streaming;

- gravávamos em fita cassete as músicas que gostávamos e hoje temos o spotify a um clique nosso;

“Somos f....Nós somos uma edição limitada, nos valorizem”,  conclui o entusiasta do Tik Tok.

Olha, não é bem assim e posso dizer, do alto dos meus 7.5, que tenho lugar de fala neste caso. Sinceramente, não vejo grandes vantagens nessas modernidades, a não ser para passar vergonha e pagar mico por inaptidão sobre o funcionamento da maioria das soluções oferecidas.  Quando constato que minha neta de seis anos domina o celular com muito mais agilidade do que eu; quando tento usar as múltiplas funções do relógio tecnológico que ganhei de aniversário e só consigo conferir as horas; quando o computador do carro,  no meu caso  só serve para sintonizar as rádios - para usar três de muitos exemplos -  tenho sérias dúvidas se sou um felizardo na transição do analógico para o digital.  Na realidade, virei apenas um nomofóbico, ou celular dependente, e assim mesmo sem usar todo o potencial do telemóvel.

Pra ser sincero novamente, trocaria todas essas modernidades tecnológicas por fichas telefônicas, máquina de escrever, telefone de disco, filme em VHS e fita cassete se isso representasse também uma redução de idade para 35 e menos.  

*Valeu Caldana


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