* Publicado nesta data em coletiva.net
Quem assina textos com regularidade,
como é o meu caso em coletiva.net, surpreende-se, às vezes, com a reação de
seus poucos mas fiéis leitores. Aquele texto denso, cheio de ideias inovadoras,
com adjetivos e advérbios na medida, em que a gente coloca todas as fichas em
termos de repercussão, acaba nos frustrando. Nenhuma interação é o resultado.
Já a coluna despretensiosa, sem qualquer argumento que preste, acaba
repercutindo muito mais, num misto de alegrias e decepção para o autor. Só que
o problema não é a avaliação do leitor, mas a expectativa equivocada do autor.
Agora
mesmo publiquei a crônica No túnel do tempo (https://coletiva.net/colunas/no-tunel-do-tempo,441703.jhtml),
revelando que gostaria de voltar à época de Cristo e verificar até que ponto os
evangelhos do Novo Testamento contaram a verdade sobre a vida e a obra do pregador
líder dos apóstolos. Era para ser um texto com tratamento leve, sem qualquer motivação
religiosa. Pelo menos essa foi a ideia do autor. A repercussão ficou acima da esperada, teve
até comentário elogioso do prestigiado escritor Liberato Vieira da Cunha. Cometi, porém, uma incorreção e fui advertido
em outro comentário. Coloquei os quatro evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e
João no primeiro time de apóstolos de Cristo. O leitor Carlos Roberto de Andrade
Torres radicalizou ao afirmar que os quatro não eram apóstolos e que talvez os
nomes nem fossem esses. A intervenção do caro leitor contém uma meia verdade, se
considerarmos que os evangelistas realmente existiram. Tive formação cristã,
estudei em colégios religiosos e deveria saber que apenas Mateus e João eram
apóstolos, enquanto Lucas e Marcos eram discípulos dos apóstolos, ou seja, não
eram integrantes da confraria original de pregadores. Mas acho que não fui um
aluno muito aplicado nas aulas de Religião, pois deveria saber também, pelos
relatos bíblicos, que os apóstolos foram testemunhas da pregação e dos milagres
atribuídos a Cristo, enquanto os discípulos escreveram os seus evangelhos a
partir de relatos de terceiros. Lucas, por exemplo, teria se valido das
conversas com o convertido Paulo de Tarso, que era uma espécie de mentor dele.
A mais alegórica e recente celebração aos quatro evangelistas,
concluída em 2023, encontra-se na imponente Basílica da Sagrada Família, em Barcelona. Na concepção de Antonio
Gaudi, são quatro torres, orientadas para os pontos cardeais: Lucas para o
Norte, Mateus ao Sul, Marcos ao Oeste e João ao Leste. Internamente na basílica,
os evangelistas estão representados como a tradição cristã os simboliza: João
como águia, Lucas como touro, Marcos como leão e Mateus por um homem.
Claro que todos esses ensinamentos
sobre a importância dos evangelistas para a fé católica não vieram das aulas de
Religião nos colégios Santa Inês e Rosário, nem das pregações do padre Alfredo
na Paróquia de São Sebastião, do bairro Petrópolis. A internet está aí para ajudar os maus alunos
e os cristãos desgarrados, com a vantagem de não se equivocar nas informações. Por
fim, agradeço à interação do atento leitor que garantiu assunto para, pelo
menos, mais uma coluna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário