*Publicado nesta data em coletiva.net
Minha jornada literária
de 2024 deveria ter cumprido sua primeira etapa no dia 30 de abril, com o
lançamento do livro Viva a Várzea! A inundação que flagelou Porto Alegre
e a maioria das regiões do Estado, levou à decisão de transferir o evento para
uma nova data que já foi definida: será amanhã , no mesmo Chalé da Praça 15, onde
estava programado originalmente. Será uma maneira de prestigiar, na sua volta
por cima, o tradicional estabelecimento, duramente atingido pela subida das
águas.
Viva a Várzea! estará
também na Feira do Livro – Reconstrói RS, promovida de sexta-feira à domingo no
Instituto Ling. O objetivo é apoiar editoras e livreiros que pedem socorro
pelas perdas na enchente. Só a Livraria Cameron
teve cerca de 100 mil livros que viraram uma montanha de lixo por conta da inundação
em pontos de venda e no Centro de Distribuição. Os prejuízos se acumulam, sem distinção,
entre pelo menos 26 empresas pequenas, médias e grandes dos ramos livreiro e
editorial. Além das perdas pelo avanço das águas que inutilizaram livros, moveis
e equipamentos, o setor sofreu também com a interrupção das vendas.
Os pacotes de livros com
o Viva a Várzea! ficaram intactos no Chalé, porque foram acondicionados
num local elevado. Pelo menos um motivo de tranquilidade para os outros 16
parceiros da coletânea, entre eles uma representante feminina. São os autores
dos textos que resgatam as memórias de
cada um sobre as vivências no futebol varzeano, desde as bicancas nas peladas de rua aos campos
maltratados mas gloriosos, passando pela futsal e o futebol de praiano.
Já aprendi que sempre que
se mexe com as lembranças do passado abre-se um cenário das melhores emoções,
mesmo que os acontecimentos não tenham sido dos mais felizes. Só que aprendi
também que os episódios negativos, na maioria dos casos, viram folclore quando
relatados no presente. Junte-se a isso uma prática lúdica e competitiva como o
futebol e temos aí um manancial de
histórias e personagens para transformar em crônicas que valem a pena
ler e comentar. Foi o que inspirou a
ideia de produzir um livro sobre o futebol raiz, valorizando aqueles que mantém
viva as celebrações, dentro e fora dos campos, como só a várzea pode
proporcionar.
Participo este ano também
da produção do segundo volume de Entre um Gole e Outro, reunindo conversas
de boteco e até alguns textos mais densos, da confraria que se reúne todas as
quintas-feiras, faça chuva ou faça sol, no bar do Alemão, também conhecido pelo
nome oficial de Bar do Alexandre. Meus textos já foram entregues ao editor
master Mário de Santi, que, entretanto, passa trabalho com outros parceiros,
menos CDFs do que eu e que apelam para toda a sorte de desculpas para não cumprir
os prazos. É corneta mesmo, caros, talentosos, mas dispersivos amigos. Está
garantido, porém, que até o fim do ano teremos livro e vamos promover uma nova
e concorrida sessão de autógrafos.
Estou envolvido, ainda, em
dois outros projetos, porém, sem assinar textos. Destaco a produção do segundo volume
de Entrevistas Póstumas, que vai marcar a presença da Associação
Riograndense de Imprensa, ARI, na Feira
do Livro de Porto Alegre. Os editores Nilson
Souza e Claudia Coutinho, com projeto gráfico de Luiz Adolfo Lino de Souza, e mais de uma dezena de jornalistas convidados
para as “entrevistas” com escritores gaúchos já falecidos, garantem que esta edição vai repetir o sucesso
da primeira.
Recebo também pedidos
para prefaciar livros de amigos, o que tenho atendido prazerosamente e nos
prazos determinados, além desta coluna semanal na Coletiva.net, a exigir comprometimento
com os poucos mas fiéis leitores dela.
Com tantos envolvimentos
acho que vou deixar para o próximo ano o livro solo pronto há dois anos, com o
instigante título Kamadutra e outras histórias bobas.
Isso é nada, entretanto,
comparado à formidável produção literária de Georges Simenon, que José Antônio
Moraes de Oliveira publicou em sua coluna O escritor múltiplo (https://coletiva.net/colunas/o-escritor-multiplo,442133.jhtml)
aqui em Coletiva.net, na semana passada. Simeon produzia de 60 a 80 páginas por
dia; escreveu nada menos do que quinhentas obras, incluindo 192 romances e 158
novelas. Com Jules Maigret como protagonista, foram 85 romances e contos, além
de cerca de 130 romances chamados “non-maigrets” e vendeu algo como 500 milhões
de exemplares, mais do que Vitor Hugo, Émile Zola e Honoré de Balzac, conforme
revela o colunista.
Entenderam a diferença
entre o talentoso e o esforçado?
*Viva a Várzea! Histórias
e personagens do futebol raiz tem a participação de Cláudio Furtado,
Fernando Becker, Flávio Dutra, João Bosco Vaz, José Evaristo Villalobos, Júlio
Sortica, Léo Iolovich, Liliane Correa, Mário Corso, Márcio Pinheiro, Marino
Boeira, Óscar Fuchs, Paulo César Teixeira, Piero D’Alascio, Ricardo Stefanelli,
Sérgio Kaminski e Vitor Bley de Moraes. O prefácio é de outro craque, o
jornalista e cronista Nilson Souza. O projeto gráfico é de Antonio Luzzatto e a
produção editorial da BaEditora, de Mariana Bertolucci. Lançamento a partir das
18 h até o último autógrafo.