*Publicada hoje em coletiva.net
Até hoje é lembrada a
frase do saudoso Armindo Antônio Ranzolin que marcou a conquista do
tetracampeonato de futebol pela seleção brasileira nos EUA, em 1994. “Se Baggio
errar não precisa mais cobrar, se Baggio errar...”, previu e acertou o grande
narrador dos gaúchos, enquanto Galvão Bueno, abraçado a Pelé, se esganiçava,
algumas posições adiante no estádio Rose Bowl, em Pasadena, com “é tetra, é
tetra, é tetra”.
Até porque participei
diretamente da cobertura, na sede de Dallas, com a equipe da Rádio Gaúcha, essa
é uma das três Copas do Mundo inesquecíveis para mim. A primeira foi a de 1958,
quando já tinha noção do que acontecia além da minha rua. O guri de 8 anos que
eu era, vibrou muito com o primeiro título da canarinho, acompanhado no rádio
valvulado da família, ouvindo a narração compassada do Mendes Ribeiro, direto
da Suécia, numa ousada operação da Rádio Guaíba. Aí fiquei conhecendo um tal de
“Pelê, Pelê”, como narrava o Mendes Ribeiro e que reaparece nessa narrativa na
Copa de 94 como Pelé, o Rei Pelé.
Corta para 2014. Na Copa
realizada no Brasil meu envolvimento foi com a comunicação na sede de Porto
Alegre, já que era o secretário municipal dessa área. Foi um complexo, mas bem
sucedido trabalho, que mobilizou uma equipe qualificada e cheia de energia. O
então secretário da Copa, João Bosco Vaz, faz um relato pormenorizado no livro
A Copa Oculta do que foi a organização do
evento em Porto Alegre, comparável aos 12 trabalhos de Hércules. Pelo
menos o resultado final foi
gratificante, exceto pelos 7 x 1 e pela cobrança, que ainda persiste, das obras
inacabadas.
Agora
vem a Copa do Catar, que começa no
próximo domingo. Seja pela ressaca eleitoral, seja pelo inédito período da
competição, o ufanista “clima de copa”
demorou a chegar e, ainda, vai dividir espaço e emoções com os festejos de fim
de ano. E tem também a disputa ideológica extra campo, que se reflete na
aderência à torcida pelo hexa: os que torcem o nariz para tudo o que é verde
amarelo, “ainda mais que o Neymar é bolsonarista”, contra os que adotam as
cores da bandeira nacional em qualquer circunstância, “apesar do Tite ser
lulista”. Claro que isso não vai ter qualquer influência nem na escalação, nem
no desempenho do time brasileiro em campo. Digo mais e não vou ser original: o Brasil não vai mudar, nem pra melhor nem pra pior, com vitória ou
derrota da Seleção.
Quanto ao comportamento deste que vos fala, até suportaria ouvir o chato do Galvão
Bueno se esganiçando de novo, agora com “é hexa, é hexa, é hexa!”
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