domingo, 26 de março de 2017

DezMiolados e desmiolados

Éramos nove (o Paulo Motta foi desfalque sentido de última hora) feito guris que vão sair pela primeira  vez com a namorada, consumidos pela ansiedade.  Os mais ansiosos eram o  Auber Lopes de Almeida, já por natureza agitado,  e o Paulo Pruss, normalmente a tranquilidade em pessoa. Afinal eles eram os  principais responsáveis pelo motivo que nos reunia no Centro Municipal de Cultura num sábado à tarde (25/03) -  o lançamento do livro DezMiolados.
A grande ansiedade dizia respeito a uma única questão: Será que vai aparecer gente?  Vale repisar que DezMiolados foi uma sacada do Auber e do Paulo, que conseguiram reunir gente que gosta de escrever e se expressava especialmente nas redes sociais. Gente de variados  perfis profissionais – engenheiro, arquiteto, médico, administrador, publicitário  e sobretudo jornalistas. Os textos, quatro por autor, tem predominância de crônicas, mas são oferecidos  também contos e resgates de personagens e instituições de Porto Alegre. Ou seja, uma obra atraente.
“Mas será que vai aparecer  gente?, ”, insisti com o Pedro Chave, companheiro jornalista de outras jornadas, que tive o prazer de reencontrar graças ao DezMiolados.  “Tem que ser muito desmiolado para vir aqui”, alguém, talvez eu mesmo, fez a graça óbvia, mas ninguém riu porque persistia no ar aquela tensão da espera.
O lançamento fora bem  divulgado, com entrevistas  no programa do Felipe Vieira na TV Urbana, no Estação Cultura da TVE, como Newton Silva, no programa do Bibo Nunes, na FM Cultura, com o Luiz Dill  e no Show de Bola, da Rádio Gáucha, com o Zé Alberto Andrade, além de alentadas notas nas bem frequentadas colunas do Roger Lerina na ZH e do Fernando Albrecht, no JC. Isso sem contar as redes sociais que, afinal, foram a origem do projeto que estava se materializando.
“Mas será que vai aparecer gente?”,  cada um se perguntava.
As cinco da tarde em ponto abrimos os trabalhos e o povo foi chegando aos  poucos. A cada autógrafo a tensão diminuía.  Fiquei entre o Pedro Chaves, mais o Serginho Araújo e o Carlos Leão (o arquiteto) e contabilizávamos ao longe a pilha de livros  diminuindo.  A cada leva que chegava, comentávamos, Pedro e eu, entre reminiscências e propostas para reformar o jornalismo e a civilização ocidental:
- Mais um ônibus chegando do Interior! Assim que baixar a ponte do Guaíba vem mais...
Depois dos ônibus vieram as  kombis, e na sequencia os  carros médios e pequenos, motos, bicicletas,  até que o Pedro, impaciente, vaticinou:
- Só está faltando o skatista.
E não é que, de repente, surgiu no recinto  um garoto com seu skate na  mão, mas parece que não estava interessado no nosso livro e sim  num espetáculo de dança que logo começaria no Teatro Renascença. Diferente dele, foi saudada com entusiasmo a última compradora, a sobrinha do escritor Josué Guimarães, cujo nome me escapa e que conseguiu reunir  novamente os dispersos  dezmiolados para o derradeiro autógrafo e uma foto coletiva.
Foi quase uma centena de presenças entre compradores e prestigiadores. Acho que levei alguma vantagem sobre os outros confrades porque a família é grande e esteve presente com força no evento, incluindo os netos, além de amigos e amigas de fé.  
Participar da coletânea foi uma experiencia e tanto, mesmo que metade dos parceiros de livro eu só viesse a conhecer em função da obra, ou por isso mesmo.  E, embora não  nos  mova ficar rico com o livro,  o lançamento já garantiu o retorno do investimento.
Valeu Anderson Cerva,  Auber Lopes de Almeida, Carlos Dreyer, Carlos  Leão, Paulo Motta, Paulo Pruss, Pedro Chaves, Ronaldo Bastos e Sergio Araújo.
Agora, que venham as DezMioladas, próximo desafio literário da Farol 3 Editores.


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