* Publicado nesta data em Coletiva.net
Lá nos idos de 1980 sugeri na editoria de Esportes da Zero Hora, onde labutava, uma matéria sobre livros com temática do esporte disponíveis na Feira do Livro daquele ano. O editor Emanuel Mattos aplicou a regra de então: quem sugere tem preferência e lá me fui de barraca em barraca à procura de obras que sustentassem a matéria. Foi um fracasso total. Só encontrei poucos livros que tratavam de treinamento esportivo, a maioria de viés acadêmico e nada sobre o fascinante mundo das competições, inclusive do futebol.
Hoje é bem diferente e quando o futebol e a literatura se encontram ocorrem algumas belas jogadas. Um passeio pelas bancas da Praça da Alfândega, na Feira do Livro recém encerrada, revelou uma atraente e diversificada lista de títulos, de biografias de craques vitoriosos e técnicos renomados à histórias sobre grandes times e suas conquistas memoráveis, com relatos de muita peixão, mas também de episódios que gostaríamos de esquecer sobre casos de corrupção no futebol.
Só não encontrei o clássico “Futebol ao sol e à sombra”, de 1995, do uruguaio Eduardo Galeano, que conta a história do futebol, mostrando um olhar curioso sobre o esporte, como se o autor tivesse vivido cada momento dele. A Feira ficou me devendo também um clássico brasileiro de Nelson Rodrigues, “A sombra das chuteiras imortais”, editado pela Companhia das Letras, com seleção de textos de Ruy Castro, que é autor de outro clássico, “Estrela Solitária”, sobre a trajetória do genial Garrincha.
Em nível de RS, pelo menos três títulos sobre futebol e seus personagens ganharam destaque na Feira e certamente ficaram entre os mais vendidos: “Ruy Carlos Ostermann – um encontro com o professor”, biografia do grande comentarista esportivo, contada por Carlos Guimarães; “O Inter, o jornalismo e nós”, do repórter Fabricio Falkowski,, edição da Capítulo 1 (alô, Claudia Coutinho), descrito como “uma história do clube e as histórias vistas e vividas em 25 anos de cobertura do dia a dia do futebol”; e “Campeão da Vida – perdoar para viver”, de autoria de Luiz Fernando Aquino e Fernando da Rocha, sobre o drama vivido pelo jogador Regis, do Caxias, que precisou abandonar a profissão depois de ser violentamente agredido em campo.
De lançamentos de anos anteriores vale destacar a série bibliográfica sobre o Imortal Tricolor, do gremistão Léo Gerchmann, além de “No último minuto - A História De Escurinho: Futebol, Violão e Fantasia”, de Jones Lopes da Silva, e uma obra pouco badalada, mas de grande importância: “Escola Gaúcha de Futebol: uma árvore genealógica dos treinadores do Rio Grande do Sul”, de Felipe Duarte, repórter da Rádio Gaúcha, que faz a indagação: será que existe uma escola gaúcha de futebol? Recomendaria também um livro que me chegou as mãos pelo Ajax Barcelos e o Osmar Zilio, “Tamoio, o time de Viamão”, uma detalhada e bem ilustrada história do clube amador que completou 80 anos. Os autores, Bira Mros e Juarez Godoy tem longa vivência no clube e contaram com a edição de Vitor Ortiz e prefácio do ex-atleta e hoje consagrado jornalista, Rogério Mendelski.
De minha parte dei uma modesta, mas prazerosa contribuição para a estante esportiva gaúcha ao produzir dois livros: “G.E. Tupi – sonho de guris”, de 2023, em co-autoria com meus amigos de sempre Piero D’ Alascio e Léo Ustarroz, sobre nosso time da infância e adolescência no bairro Petrópolis, e “Viva a Várzea – histórias e personagens do futebol raiz”, com textos de 16 outros parceiros, lançado em junho. A propósito, em seguida sai a convocação dos craques que participarão do “Viva a Várzea – segundo tempo” – com previsão de lançamento para abril do ano que vem. Se me permitem o clichê, reina grande expectativa.
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