sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

De Waltão a Geromel

* Editado a partir do original publicado em ZH desta data, página 50
- Mire, pibe, yo soy Di Stéfano, do Real Madrid.
- E daí? Sou o Waltão, de Canoas.
Esse improvável diálogo teria acontecido após duas ou três entradas mais duras do zagueiro do Cruzeiro de Porto Alegre no grande Di Stéfano, o CR7 do Real Madri na época do jogo de estreia de uma longa e pioneira excursão de um  time gaúcho por  países da Europa e Ásia.  Foram 15 jogos por seis países, uma experiência tanto,  e um retrospecto positivo: sete vitórias, cinco empates e apenas três derrotas. A data da épica estreia: 8 de novembro de 1953.
 Mais do que o folclore que cerca o embate entre o zagueirão gaúcho, na época com apenas 20 anos e recém-vindo da categoria de base do Grêmio, e o atacante  argentino que chegou a ser comparado a Pelé, ficou o bom resultado do time dirigido por Oswaldo Rolla, o Foguinho: 0 x 0 contra o poderoso Real Madrid.
A lembrança daquele jogo, há 64 anos, é mais do que oportuna quando novamente um time de província se prepara para desafiar o Real Madrid, que certamente é ainda mais poderoso que o time de 1953. Só que agora vale um título mundial e diferente dos jogos de antanho, de difícil comunicação, todos os olhares do mundo estarão voltados para a grande decisão. Em campo, sucessores dos estrelados Lapaz, goleiro, Laerte III (pai do Príncipe Jajá) centromédio, dos atacantes  Tesourinha II, Rudimar e Rubens Hoffmeister (mais tarde presidente da Federação Gaúcha de Futebol), sem esquecer do Waltão de Canoas e do ousado presidente Antônio Pinheiro Machado Neto, comunista de carteirinha (pai do Anonymus Gourmet), vai estar uma geração de imortais tricolores, a geração de  Grohe, Geromel, Kannemann, Cortez,  Ramiro, Luan e, va lá, Jael, Fernandinho, Everton – cada um merecedor de um qualificativo bem ao gosto dos narradores esportivos. E Renato é tão vitorioso e carismático como era o Foguinho na época. Na presidência dos clubes aparece agora também um nome com vinculação politica, Romildo Bolzan Junior, se é que isso tem algum significado nesse contexto.
Agora imaginem o que pode acontecer neste sábado em Abu Dhabi, depois de Geromel se antecipar e desarmar todas as investidas de Cristiano Ronaldo. O português melhor do mundo vai dar duas ou três espiadinhas no telão do estádio e se exaltar com o marcador:
- Olha, gajo, eu sou o CR7 do Real Madrid.
Ao que Geromel responderá:
- E daí? E u sou o Pedro Geromel, do Humaitá!
Será muita soberba de gremista ou antevisão de uma realidade? A verdade é que o Grêmio não está proibido de ganhar do Real Madrid. Haja coração!





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