domingo, 10 de setembro de 2017

Cinismo à brasileira


O eterno pais do futuro transformou-se na pátria  do cinismo.  Um cinismo escrachado praticado em todos os níveis, contaminando a sociedade, se bem que os piores exemplos vem de cima, de um bando de canastrões que infestam a vida brasileira.  Um cinismo desavergonhado, explicito, com justificativas de corar gigolô  a cada denuncia publicizada.

A JBS seguramente  vai para o pódio do cinismo. Responsável pelo maior escândalo de corrupção jamais visto no Pais, a empresa dos  Batistas pretendia contratar o ex-procurador federal Marcelllo Miller, então braço direito de Rodrigo Janot, para uma diretoria anticorrupção que seria criada. Vale o mesmo para Aldemir Bendine que assumiu a Petrobras com a  missão de recuperar a estatal, deu declarações incisivas contra o esquema de corrupção na empresa, tipo   “A gente está com sentimento, diríamos até de vergonha, por tudo isso que a gente vivenciou. Eu faço um pedido de desculpa em nome dos empregados...”.  No entanto, no mesmo período, Bendine mordia uma propina de pelo menos R$ 3 milhões da Odebrecht, isso enquanto as investigações da Lava Jato já estavam bem adiantadas.

Mas o lugar mais alto do pódio do cinismo é do Geddel, que emalocou R$ 51 milhões no apartamento de um amigo em Salvador, grana certamente originária de grossa corrupção. A PF levou 14 horas para contar toda a dinheirama. Geddel, convém lembrar, frequenta os noticiários sobre corrupção desde o episódio que ficou conhecido como a Máfia dos Anões do Orçamento.  Isso não foi impedimento para que ocupasse altos cargos nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer. Pois esse sujeito teve a cara de pau de participar dos movimentos que resultaram na queda de Dilma, justificando que saia às ruas porque “ninguém aguenta mais tanto roubo”, criticando o “assalto aos cofres públicos”, além de detonar como “incompetente” o governo do qual havia participado e que permitiu que exercitasse na CEF  sua já consagrada vocação para a corrupção.

Esses corruptos e corruptores  certamente desconhecem que cinismo, na origem histórica, era uma doutrina filosófica grega, que prescrevia a felicidade de uma vida simples. Eles optaram pela corruptela do cinismo, nascida no  século 19, cujo significado já  está explícito no próprio substantivo:  aquilo capaz de corromper (alterar, perverter, adulterar, falsificar ou subornar) algo ou alguém; desfaçatez, descaramento. Tudo a ver com os exemplos citados. E olha que nem falei dos extraclasse Lula e Temer.

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