quarta-feira, 11 de maio de 2022

Cidade da Ospa e da South Summit

*Publicado na coletiva.net em 09/05/2022

Peço vênia para tratar de dois destaques de excelência relacionados a Porto Alegre e que me deixaram entusiasmado nos últimos dias. O primeiro vai para uma instituição que, de certa forma, representa o melhor da nossa Cultura: a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre/Ospa.

“Eu venho de uma cidade que tem uma orquestra sinfônica”, difundia Érico Veríssimo nas suas andanças pelo exterior. Já eu, por aqui mesmo, passei a me relacionar com a Ospa quando fui diretor da FM Cultura e depois da TVE, que transmitiam os concertos da sinfônica. É dessa época um episódio que só agora revelo, ainda com uma ponta de embaraço. Na abertura de um dos concertos, foi programado o tema do filme  Os brutos Também Amam (Shane), do compositor Victor Young, uma peça em que o naipe de metais predomina. O resultado, para ser generoso, ficou muito aquém do esperado, tanto assim que antes de a gravação ir ao ar na FM, recebi o pedido para que essa parte fosse suprimida. Os metais desafinaram constrangedoramente.

Corta para os dias atuais e me vejo maravilhado com a atuação da orquestra no concerto Música de Cinema, apresentado no dia 30 de abril. Já tinha assistido na TVE à primeira edição dessa produção, mas a atual, que conferi no Youtube, recebeu um roteiro mais ampliado e uma produção caprichada na iluminação, no visual projetado no telão, perfeitamente sincronizado com a música, nos textos  e na ancoragem da apresentação de cada atração. E que atrações! A Ospa incursionou pelas trilhas de clássicos como O Poderoso Chefão, O Tempo e o Vento,  O Carteiro e o Poeta,  Guerra nas Estrelas, 007 – Sem Tempo Para Morrer,  Bastardos Inglórios, West Side Story e muito mais, celebrando, entre outros, Nino Rota, Alexandre Guerra, John Willians, Enio Morricone, Elton John e Leonard Berstein.  Vale registrar a participação do Coro Sinfônico da Ospa, assim como do Ballet Vera Bublitz, que valorizaram ainda mais a produção.

Os metais respondem soberbamente quando exigidos, inclusive na apresentação atual do arranjo da rejeitada Shane de anos atrás. Opinião baseada no meu gosto de espectador entusiasmado e não de especialista.  Quem quiser dividir essas emoções, o Concerto Música de Cinema  está disponível no www. youtube.com/watch?y=3opSCUTzVjw .

O que mudou Ospa, além de ganhar sua nova e definitiva casa no Centro Administrativo, é que um concurso público agregou à orquestra novos instrumentistas, revigorando o grupo com talento e energia. Planejamento, comprometimento e muito ensaio fizeram o resto.

Planejamento, comprometimento e a soma dos esforços do poder público e da iniciativa privada trouxeram à Porto Alegre o evento que movimentou o velho Cais Mauá durante três dias na semana passada, reuniu cerca de 500 investidores, 8,5 mil representantes de empresas, 3,3 mil startups e atraiu mais de 20 mil visitantes de 50 países. Números que atestam o acerto de bancar a feira. O South Summit veio de Madri para ficar, confirmando a vocação da Capital e do Estado para a inovação e o empreendedorismo.

Observem que evito fulanizar responsáveis pela ótima fase da Ospa e pelo o sucesso do South Summit e poderia fazê-lo, uma vez que conheço bem o trabalho de todos.   Prefiro valorizar o empenho do conjunto, resultado  das entregas de  cada um dos envolvidos, como se requer de uma orquestra afinada ou para por em pé um evento de magnitude internacional.

Agora, até poderemos acrescentar nas andanças lá fora, com justificado orgulho: sou da cidade da Ospa e do South Summit. Mesmo diante dos narizes torcidos, que sempre surgem para qualquer iniciativa bem sucedida que coloque Porto Alegre num outro patamar de desenvolvimento. Não passarão. Porto Alegre é maior do que os caranguejos de sempre.

 

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