*Publicado nesta data em coletiva,net
Falta menos de um ano
para a nova eleição municipal e lembro que em todas as campanhas majoritárias
que tenho acompanhado sempre é pautado um tema aparentemente charmoso, sem que possa ser considerado prioritário para
os investimentos de uma prefeitura. O tal tema parece relevante, a classe média
é aderente a ele, mas, na verdade, acaba desviando a atenção do que é realmente
necessário para a cidade e sua população.
Sem muita pesquisa, recordo do que foi gasto em
discussões e promessas em torno de criar uma Rua 24 horas em Poeto Alegre, o modismo
da vez naquela campanha, como foi a implantação dos calçadões nos mais
inusitados espaços, em outra campanha. Nos dois casos, as propostas visavam dar
a ideia de uma cidade cosmopolita e que priorizava a convivência entre as
pessoas. Só que a Rua 24 horas, na
Travessa Acilino de Carvalho. não funcionou nem 24 horas.
Campanha vai, campanha vem e o muro da
Mauá sempre aparece. Se os candidatos não tratam do assunto, não falta um
comunicador para cobrar uma posição, normalmente induzindo para a derrubada do
muro. A alegação principal é de que enfeia o Centro, a proteção contra as
inundações que vá pras cucuias e, também, de que impede a visão do Guaíba, uma
bobagem, já que o muro tem apenas 2,6 km
de extensão, sobrando outros 70 km de orla fluvial para apreciação do lago e do
nosso belo por de sol. O debate vira
ideológico envolvendo os radicais de sempre. Para um lado, o muro é uma
manifestação fascista, que impede a contemplação dos armazéns e a fruição das águas;
para o outro lado, é uma obra comunista, que cerceia a liberdade e o ir e vir
das pessoas naquela área. A polêmica voltou com força e certamente vai estar
presente na campanha que se avizinha por conta da ameaça de inundação deste
ano.
Ciclovias, outra
figurinha carimbada das questões dispersivas em campanhas eleitorais. Clamam
por mais pistas para bicicletas em nome da saúde de quem pedala e do meio
ambiente devido a diminuição da emissão
de poluentes pelos automóveis. Outra corrente detona a obsessão pelas ciclovias
porque são pouco acessadas e ocupam espaços que facilitariam a circulação de
veículos, o que resultaria em menos uso e gastos em combustíveis. O cicloativismo esteve atuante também, tempos atrás, quando um comunicador de rádio
implicou com a estética das cercas que separavam a ciclovia da Ipiranga do
arroio Dilúvio e lá se foi prefeitura promover um concurso para escolher um
novo design para as cerquinhas, vê se pode.
Temos ainda a discussão
sobre o cercamento de praças e parques na cidade, defendida por uns e rejeitada
por outros, num debate de viés ideológico, como aquele sobre o muro da Mauá. É
para maior segurança dos usuários, dizem os defensores; é uma maneira de
restringir o acesso das pessoas às áreas verdes, condenam os do contra. Nem a
proposta inovadora de cercamento eletrônico dos espaços acaba com essa discussão estéril.
A colega de
colunas Elis Radmann, respeitada cientista social e politica do Instituto Pesquisa
de Opinião/IPO, poderia discorrer com muito mais base sobre as irrelevâncias
das campanhas eleitorais. Fica a provocação, Elis, para tratares dessas
propostas de raiz charmosa, falsamente inovadoras, a contagiar os candidatos à
prefeito, imaginando eles que vão contribuir para a autoestima da população e
garantir votos na próxima eleição, quando novos e descabidos projetos surgirão,
serão debatidos e prometidos.
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