Publicado em coletiva.net em 22/01/2023
A cena se repete a cada
semana no supermercado. Lá estou entre as gondolas, garimpando as melhores
ofertas, quando sou interrompido por outro cliente, normalmente senhores de
meia idade ou mais.
- Flávio Dutra, tudo bem?
Te assisti esta semana no programa do Reche.
Dou a máxima atenção ao
interpelador e até prometo citar o nome no próximo programa. Ele logo se
apresenta como gremista ou colorado e, enquanto eu fico me achando por ter sido
reconhecido, o sujeito se desmancha em elogios ao Reche.
- Gosto muito dele. É um cara
bacana, bem informado e que só diz verdades. Fala que eu só fã dele.
Essa seria uma síntese
dos elogios mais frequentes ao Luiz Carlos Reche, comandante do programa
Cadeira Cativa na Ulbra TV. Eu deveria
ficar melindrado pela preterição nos elogios, naqueles poucos minutos de fama, ainda
mais pela concorrência desigual do guri que apoiei no início de carreira na
Rádio Guaíba, agora um consagrado comentarista esportivo. Relevo, porém, a desconsideração do fã, mesmo
que me faça de garoto de recados, porque
sei qual é o meu papel quando participo dos programas esportivos, mero
convidado identificado como representante gremista . Isso ocorre também no
Dupla em Debate, na Rádio Grenal, conduzido pelo Flávio Dal Pizzol, programa
que voltei a frequentar.
Já fui assíduo em outros
espaços esportivos e suspeito que sou convidado não pela clareza das minhas ideias
ou pela força dos meus argumentos, mas para preencher um vazio na bancada diante
de alguma desistência. Parece que estou vendo o Reche e o Dal Pizzol dizerem
para os produtores:
- Chama o Flávio Dutra
que ele vem.
Brincadeirinha, queridos
amigos Reche e Dal Pizzol. Só peço que não me tomem por vaidoso por aceitar os
convites e sem desfazer das janelas que me proporcionam, gostaria mesmo é de
ser interpelado por leitores fiéis e elogiosos das minhas crônicas e dos meus
livros. Esse tipo de interação, porém, dificilmente ocorre, o que me frustra
mais do que os fãs do Reche me pedindo para dar recados a ele.
Eis que recebo uma
mensagem pelo Whats.
- Aqui é o Bruno. Poderia
participar do Cadeira Cativa hoje?
- Claro, confirmo
presença.
E lá vou eu pra Ulbra em
Canoas, tentando lembrar o nome do gremista que prometi citar no programa. Bah,
esqueci de anotar o nome e a memória me traiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário