*Publicação nesta data em coletiva.net
Vem aí mais um Gauchão,
que virou o patinho feio das competições de futebol que envolvem os dois
principais clubes gaúchos. Mesmo assim, não ganhar o título regional acaba
pesando na temporada de Grêmio e Inter, primeiro porque é o enfrentamento
direto num ambiente grenalizado e depois porque a primeira imposição
competitiva tem que ser no próprio quintal.
Lembro que quando o
Grêmio foi campeão do mundo em 1983 (título até hoje contestado pelo Inter) os colorados
valorizaram muito a conquista do Gauchão daquele ano. A hegemonia regional remetia às histórias do personagem Asterix,
que liderava os gauleses para impedir que os invasores romanos, os donos do mundo de
então, tomassem a sua pequena aldeia.
Essa analogia retirada das histórias em quadrinho poderia ser um bom
contraponto ao “Cafezinho”, referência de desqualificação dada pelo saudoso presidente
gremista Fábio Koff ao Campeonato Gaúcho, quando o tricolor se preparava para
conquistar a Copa Libertadores da América de 1995. O detalhe é que o Grêmio
venceu a Libertadores e o Gauchão e comemorou os dois títulos, claro que com
mais euforia a competição continental.
Dá pra perceber que vivo
uma fase saudosista e permito-me essas recordações do tempo em que militava na
chamada crônica esportiva, quando o Gauchão era valorizado e ganhava os
melhores espaços na mídia. Depois, pouco a pouco, Grêmio e Inter romperam as
fronteiras, se impuseram nacionalmente a partir das conquistas do Inter de 1974
e 75 (sim, eu já tralhava na época) e depois na América com a primeira
Libertadores do Grêmio em 1983, que levou à Tóquio e o resto da história já é
conhecida.
O Gauchão perdeu importância,
encolheu no calendário e, no máximo, ganhou status de “charmoso”, expressão
criada pelo meu amigo Paulo Brito para valorizar as transmissões que fazia pela
RBS TV. Foi quando abriu-se espaço para
Juventude, Caxias e Novo Hamburgo quebrarem a hegemonia Grenal em 1998, 2000 e
2017.
Este ano, o campeonato
pode ficar mais do que charmoso e resgatar parte da sua relevância, uma vez que
a direção do Inter coloca como objetivo a reconquista do título regional, há seis
anos nas mãos do tradicional adversário. É a segunda prioridade dos Vermelhos,
depois do Campeonato Nacional. O colorado está formando time para virar
favorito e avançar mais ainda, enquanto o tricolor mira a Libertadores, mas
busca o hepta regional pela segunda vez na sua história. Assim, a disputa vai
esquentar e o regional passa a ser o primeiro ensaio para as aspirações maiores
de Grêmio e Inter na temporada. Com o perdão pelo clichê, reina grande
expectativa para o Gauchão 2024.
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