*Publicado nesta data em coletiva.net
A propósito deste Dia dos Namorados resgatei o texto
publicado originalmente em junho de 2013.
Encontrei outro dia um antigo companheiro daquelas
tantas confrarias que um dia frequentei. Por razões que desconheço, e já referi
essa situação aqui, meus confrades de outrora me tiram para confessionário e
com o parceiro desse encontro não foi diferente. Depois da sessão de cinismo
inicial, em que cada um jurou que o outro estava em grande forma ("Me dá
tua receita pra não envelhecer", insisti, como sempre faço),
o ex-confrade abriu um largo sorriso e com um jeito
ligeiramente blasé, disparou:
- Estou de
namorada nova e a moça é uma máquina, uma máquina,- repetiu.
Ao invés de celebrar a conquista do velho companheiro de tantas batalhas
etilicogastronômicas, confesso que fiquei com inveja. Ainda bem que ele não
percebeu o meu sentimento perverso, porque logo em seguida desandou a falar em
tom queixoso:
- O
problema é que na hora do bem-bom tenho sido sistematicamente interrompido por
telefonemas de colegas nesta praga que é o celular.
Homem de responsabilidade na firma em que atua profissionalmente, o
parceiro não resiste e no terceiro toque já está atendendo o celular,
independente do estágio em que esteja a saliência.
- Sabe como
é, pode ser alguma coisa urgente, - justifica ele.
Mas completa, pesaroso: “O problema é que a retomada é tão mais
difícil....”
Aí fiquei
com remorso por causa da inveja anterior. O parceiro estava sendo vítima de uma
nova categoria: Os Interruptores, agentes de uma forma de bulling sexual,
também conhecidos como “os empatadores”.
Na real, são pessoas do bem, mas incluídos na categoria que mais cresce
no mundo moderno: os Sem Noção.
- O campeão
em interrupções é o chefe do Jurídico, que me liga sempre quando já consegui
engrenar. Acho que como ele não pratica mais agora, está atrapalhando a transa
dos outros.
O ranking dos maiores interruptores inclui o vice-presidente, o diretor
de Marketing e meia duzia de colegas do mesmo nível, incluindo
aquela moça mais expansiva também do Marketing.
A
nova namorada estranha a insistência com que ele é procurado, mas tem sido
pacenciosa mesmo com as interrupções. "Mas até quando?",
angustia-se ele.
Foi nessa fase da conversa que me comovi e assumi uma atitude solidária
com o amigo. Deveria haver uma punição severa para os interruptores. Algo como
assistir na primeira fila ao show do Luan Santana ou participar da Dança dos
Famosos com a Suzana Vieira ou ser obrigado a torcer para o Vasco. Interrupção
já, aos interruptores.
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