* Publicado em Zero Hora em 10/12/2018
A violência dos vândalos
do River contra o ônibus do Boca, que
resultaram no adiamento da decisão da
Copa Libertadores, preocupou mais os dirigentes da Conmebol pela presença do
presidente da Fifa no estádio do que
pelos prejuízos causados a uma das equipes ou porque era mais um vexame envolvendo a instituição que dirige o futebol
sul-americano. Gianni Infantino, o homem da FIFA, até pela posição que ocupa, certamente deve saber que os hermanos são desordeiros contumazes e mega reincidentes em confusões
dentro e fora do campo.
Só para recordar, uma dos
maiores vergonhas ocorreu na Copa de 1966, no jogo entre Inglaterra e
Argentina. O capitão argentino, Antonio Rattin se descontrolou, discutiu com o
juiz, acabou expulso, mas demorou quase 20 minutos para deixar o campo e ao
sair, cometeu a descortesia de amassar uma bandeirola inglesa. Foi saudado com
vaias estrepitosas e gritos de “animais, animais”.
O histórico de violência
dos argentinos contra os europeus marcou o mundial de clubes, especialmente na
década de 70, quando o título era decidido em jogos lá e cá entre os campeões
continentais. Naquela década, dos dez
torneios em sete os campeões europeus se
recusaram a jogar na América do Sul ou
não houve competição pelo mesmo motivo.
Vale lembrar ainda, entre
outras ocorrências, a Batalha de La Plata , o jogo Estudiantes x Grêmio em 1983, que colocou em risco a vida
dos representantes brasileiros. E, mais recentemente, pela Libertadores de 2015, foi a torcida do Boca
que lançou spray de pimenta contra
os jogadores do River no intervalo da
partida. O Boca acabou punido com a desclassificação. O episódio do
último sábado seria o revide pela agressão de 2015, só que a Conmebol perdeu
toda a autoridade para agir com o rigor necessário e por fim a essa bagunça que
privilegia o extra campo em detrimento do futebol.
Se me permitem a
sugestão, acho que está na hora de o papa Francisco, argentino e aficionado torcedor do San Lorenzo, entrar em campo e rogar pela
pacificação das hinchadas do vizinho
país e por ações confiáveis, disciplinares
e competentes dos diretivos. Se nem isso resolver, lamentavelmente acabará
de vez aquela derradeira possibilidade de solução: a de se queixar pro Papa. Aí será a vitória definitiva
da barbárie.
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