Na mesa ao lado, Maurício confessa que não frequenta motéis e o motivo é
um só: ele sempre imagina que está sendo espionado e, pior, que sua
atividade com a parceira será gravada e distribuída em forma de DVD para venda
nos camelôs.
- Será que não tem uma câmera escondida atrás daqueles espelhos?, angustia-se o Maurício.
E acrescenta:
- E se meu desempenho deixar a desejar? Não estou preparado para passar
essa vergonha...
Foi aí que decidi participar da conversa, pois entendi que a última
intervenção dele revelava a verdadeira razão da resistência aos motéis,
decorrente mais de potenciais evidencias de fiasco do que da invasão de
privacidade. Tentei uma manobra diversionista.
- Maurício, eu, se frequentasse esses estabelecimentos, não me
preocuparia. Não tenho perfil para artista pornô...
Ao falar perfil dei a entender que meu instrumental não correspondia ao
ideal, em termos de calibre, dos personagens da indústria dos chamados filmes
para adultos.
- Vexame mesmo seria a comparação, completei.
Ao que Maurício, saiu-se com esta:
- É, mas no Japão certamente seria um sucesso!
Puxa,
jamais imaginei que poderia ser
produto de exportação, ainda mais para
um mercado exigente como o nipônico.
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